Obama envia Kerry à Ucrânia para frear intervenção russa
Washington, 2 mar (EFE).- O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, viajará na terça-feira para Kiev para mostrar o apoio americano às autoridades ucranianas diante da intervenção militar russa na Crimeia, confirmaram neste domingo fontes oficiais.
O presidente Barack Obama optou por uma demonstração visível do compromisso dos Estados Unidos com a Ucrânia, além das declarações e comunicados de indignação e advertência emitidos por Washington nas últimas horas.
Segundo uma nota do Departamento de Estado, o chefe da diplomacia americana deve se reunir na capital ucraniana com representantes de alto nível do novo governo provisório, líderes do parlamento e membros da sociedade civil.
Kerry sublinhará “o firme apoio (dos EUA) à soberania, à independência e à integridade territorial da Ucrânia, e ao direito do povo ucraniano de decidir seu próprio futuro sem interferência ou provocações exteriores”, acrescentou o comunicado.
Entrevistado este domingo por várias cadeias de televisão, Kerry usou termos muito duros com relação a ação do presidente russo, Vladimir Putin, na Crimeia (Ucrânia).
A intervenção do exército russo constitui um “ato descarado de agressão e uma violação da lei internacional e da Carta das Nações Unidas”, disse o secretário de Estado.
O governo americano denunciou a atuação da Rússia e ameaçou com sanções políticas e econômicas se a ocupação militar russa se prolongar ou se estender para outras zonas orientais da república vizinha ao Kremlin.
Kerry disse este domingo ter falado com todos seus colegas do G8 e de outras nações, e “todos estão preparados para ir até o final a fim de isolar à Rússia”.
À parte da suspensão de sua pertinência ao G8, os países ocidentais poderiam negar o visto aos máximos responsáveis russos, congelar seus bens no exterior e adotar medidas restritivas no comércio e os investimentos,enumerou Kerry à emissora CBS.
Washington deixou claro, no entanto, que reconhece os “legítimos” interesses da Rússia na região e a preocupação de Moscou com a segurança e o bem-estar da numerosa população de origem russa que vive na Ucrânia, mas condenou a decisão de ocupar militarmente um país soberano.
É “uma ação do século XIX que põe em dúvida a capacidade da Rússia de viver no mundo moderno”, afirmou taxativa o secretário de Estado.
Kerry deu a entender este domingo que a Rússia se arrisca seriamente a perder sua posição internacional como membro do G8 (o grupo dos oito países mais ricos do mundo), se não der marcha à ré na posição na Ucrânia.
“Se a Rússia quer continuar sendo membro do G8 deve se comportar como tal”, afirmou.
Nos EUA a opção militar, por enquanto, não é uma opção, a menos que os planos da Rússia na Ucrânia estejam além da recuperação “de fato” do controle da península da Crimeia, onde está radicada a frota russa do Mar Negro e onde a população é majoritariamente pró-russa.
Em Kiev, além de mostrar a solidariedade americana com as novas autoridades, Kerry pedirá que os responsáveis políticos aumentem a prudência e não deem passos que tornem impossível uma saída negociada ao conflito.
O novo primeiro-ministro ucraniano, o tecnocrata Arseni Yatseniuk, afirmou neste fim de semana que a agressão russa tinha deixado o país “à beira do desastre”.
Os analistas militares consultados pela imprensa americana disseram, de forma quase unânime, que os Estados Unidos não têm por enquanto opções militares reais para responder à ocupação russa da Crimeia.
Até o senador republicano Marco Rubio, que cobrou uma ação mais enérgica do presidente Obama, não disse o que poderiam fazer os Estados Unidos do ponto de vista militar para reverter a ação russa. EFE
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