Obama lança plano para potencializar oportunidade de negros e latinos
Miriam Burgués.
Washington, 27 fev (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, lançou nesta quinta-feira um plano para potencializar as oportunidades dos jovens negros e latinos, mais propensos ao fracasso escolar e à criminalidade, e usou a si mesmo como exemplo para pedir-lhes que não se deem por vencidos.
“Eu não tive um pai em casa (…) Tomei decisões ruins (…) Nem sempre levei a escola tão a sério como deveria”, resumiu Obama em um emotivo discurso na Casa Branca.
A “única diferença” para milhares de jovens negros e latinos que abandonam a escola é que “quando cometi um erro” houve pessoas que “me estimularam a trabalhar duro, estudar muito e tirar o máximo de mim mesmo”, contou.
Obama, o primeiro presidente negro da história do país, enfatizou que acredita “firmemente” que todos os jovens “merecem” as mesmas oportunidades que ele teve e que sua presença na Casa Branca é o melhor “testemunho” do progresso que os negros e latinos fizeram nos últimos anos.
No entanto, as estatísticas falam por si sós e, como lembrou hoje Obama, é duas vezes mais provável que um jovem negro não estude nem trabalhe que um branco.
A taxa atual de desemprego entre os jovens negros menores de 20 anos está em 12% e a dos latinos em 8,2%, contra 5,4% entre os brancos.
Há uma quantidade “desproporcional” de jovens negros e latinos em situação de desemprego ou indiciados no sistema de justiça penal, e que têm seis vezes mais probabilidades de serem vítimas de um homicídio que os de raça branca, de acordo com a Casa Branca.
“Simplesmente assumimos que (essa realidade) é uma parte inevitável da vida nos Estados Unidos vez de nos indignarmos”, lamentou Obama.
Por isso, “temos que mudar as estatísticas, pelo bem de nossos jovens e crianças, e também em benefício do futuro dos Estados Unidos”, urgiu o presidente.
O plano apresentado hoje por Obama inclui a criação de um grupo de trabalho para “ampliar as oportunidades” dos jovens negros e latinos através da determinação de “quais são as iniciativas públicas e privadas que estão funcionando e como ampliá-las”.
Além disso, segundo a Casa Branca, várias fundações e empresas se comprometeram a destinar recursos para estudar “quais são os pontos críticos de intervenção” na vida das crianças e jovens pertencentes a minorias, assim como para “mudar a narrativa geralmente prejudicial sobre eles”.
Essas fundações e empresas já prometeram investimentos no valor de US$ 200 milhões durante os próximos cinco anos.
Obama esteve acompanhado em seu discurso por jovens negros que participaram de um programa de integração da cidade de Chicago chamado “Becoming a Man” (Tornando-se um homem) e que serviu de inspiração à iniciativa presidencial apresentada hoje.
Entre os jovens que participaram desse programa, focado em oferecer ajuda com as tarefas escolares e a ensiná-los a serem “cidadãos responsáveis”, as detenções por crimes violentos caíram 44%.
Mas nem o governo nem as autoridades locais ou regionais podem desempenhar o papel único ou principal nesta campanha. “Não podemos substituir o poder de um pai que lê para seus filhos”, declarou Obama.
Segundo sua opinião, nada é mais efetivo para manter um jovem afastado dos problemas “que um pai que tem um papel ativo na vida de seu filho”.
“Nada disto vai ser fácil. Isto não é uma proposta de um ano nem de dois anos. Vai levar tempo”, antecipou Obama ao pedir o envolvimento no projeto de toda a sociedade e, principalmente, dos jovens aos quais está dirigido. EFE
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