Obama leva ao G7 seu plano energético e pedido de firmeza perante a Rússia

  • Por Agencia EFE
  • 03/06/2014 22h38

Washington, 3 jun (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, chega nesta quarta-feira à cúpula do Grupo dos Sete (G7) com a ideia de pôr seu novo plano energético como exemplo para um acordo global sobre mudança climática, e com um chamado à Europa para manter a pressão sobre a Rússia e reduzir sua dependência energética de Moscou.

Horas após fechar uma visita à Polônia com um marcado protagonismo da crise ucraniana, Obama chegará amanhã à tarde a Bruxelas para participar da cúpula do G7, que deixou a Rússia fora da mesa devido às tensões em relação à Ucrânia.

O ato inaugural da cúpula do G7 (integrado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido) será um jantar centrado em assuntos de política externa, onde os líderes conversarão sobre as negociações sobre o programa nuclear do Irã, apesar do tema principal ser a Ucrânia.

“Se há uma escalada de tensão, a ameaça que o G7 emitiu na última vez que os líderes se reuniram segue sobre a mesa. A Rússia deve saber que, se não mudar suas ações, as consequências serão muito graves para sua economia”, disse aos jornalistas o assessor adjunto de segurança nacional dos EUA, Ben Rhodes.

O consenso entre os analistas americanos é que há pouco apetite na União Europeia (UE) de aumentar o leque de sanções a Moscou, especialmente após ver sinais de degelo como a realização bem-sucedida das eleições presidenciais ucranianas e a retirada de parte das tropas russas da fronteira com a Ucrânia.

Obama também não procura um aumento imediato de sanções, mas quer pedir a seus aliados ocidentais que não recuem na ameaça conjunta de sanções setoriais à Rússia enquanto não melhorar sensivelmente a situação na Ucrânia.

Outro aspecto relacionado é a preocupação americana com a dependência de parte da Europa da provisão energética da Rússia, e Obama pedirá uma maior cooperação entre aliados para diversificar as fontes de energia no Velho Continente.

“São grandes esforços tanto em curto como em longo prazo para diversificar as fontes de energia da Europa, modernizar sua infraestrutura e limitar a capacidade da Rússia de usar a energia como uma ferramenta de pressão política”, assegurou Rhodes.

Por outro lado, espera-se que os líderes europeus pressionem Obama para acelerar a concessão de permissões para exportar o gás liquefeito dos Estados Unidos ao continente, uma medida que enfrenta a oposição de grupos ambientalistas no país americano.

Na conversa sobre energia, que acontecerá na quinta-feira, haverá também oportunidade de debater sobre a mudança climática, uma reunião à qual Obama chega com um plano recém apresentado na segunda-feira para reduzir as emissões das usinas termoelétricas dos EUA em 30% até 2030, em relação aos níveis de 2005.

“Os Estados Unidos estão dando um exemplo responsável. Necessitaremos que os líderes e os povos do resto do mundo façam o mesmo”, escreveu hoje o secretário de Estado americano, John Kerry, em um editorial no jornal “Financial Times”.

O governo de Obama quer que seu plano seja um ponto de referência para a conferência da ONU de Paris em 2015, onde se deve adotar um acordo global vinculativo sobre as emissões globais de carbono.

“Enquanto se trabalha para alcançar um acordo climático global sólido, é importante para os Estados Unidos e a UE dar exemplo e comprometer-se com metas ambiciosas para reduzir as emissões além de 2020”, ressaltou Obama hoje em Varsóvia.

A conversa entre os líderes do G7 na quinta-feira pode ser crucial para negociar uma política comum de mudança climática antes de uma cúpula da ONU sobre o tema em setembro, que espera-se que sirva de base para a conferência de Paris no próximo ano.

Essa negociação pode ser fácil com a Europa, onde a Comissão Europeia se fixou um objetivo obrigatório de corte de emissões de gases do efeito estufa de 40% para 2030 em nível europeu, mas no esquema global não podem ignorar as políticas da China, o país que mais carbono emite à atmosfera e que não faz parte do G7. EFE

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