Obama nomeará embaixador dos EUA na Somália pela primeira vez em 23 anos
Washington, 3 jun (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, designará um embaixador na Somália pela primeira vez em 23 anos, o que foi interpretado como “motivos de esperança” para o país, que sofre com o cerco da milícia islamita Al-Shabaab, disse nesta terça-feira a subsecretária de Estado dos EUA para Assuntos Políticos, Sandy Sherman.
“Como reflexo tanto de nossa relação cada vez mais profunda com o país e nossa fé de que haja tempos melhores pela frente, o presidente (Obama) proporá o primeiro embaixador dos EUA na Somália em mais de duas décadas”, disse Sherman durante uma conferência.
O anúncio é mais um passo para a normalização dos laços dos Estados Unidos com a Somália. Em janeiro de 2013 a administração de Obama reconheceu oficialmente o governo federal do país africano e restabeleceu relações diplomáticas, suspensas desde janeiro de 1991.
“Esperamos que chegue em breve o dia em que os dois países tenham missões diplomáticas completas em nossas respectivas capitais”, comentou Sherman no centro de estudos Instituto Americano para a Paz.
A nomeação acontecerá “em breve” e o embaixador “começará trabalhando de Nairóbi”, no Quênia, enquanto os Estados Unidos trabalham para reabrir a embaixada em Mogadíscio, onde até agora só há “um escritório em um edifício do aeroporto” da capital somali.
“Hoje há motivos tangíveis para a esperança na Somália”, disse a subsecretária executiva, ao citar a formação de um governo e um parlamento, “apesar de essas instituições ainda estarem ainda na infância e precisarem da ajuda internacional para amadurecer”.
“A lista de desafios que a Somália deve enfrentar é longa. O crime e a corrupção são problemas graves, e também há a necessidade urgente de transparência”, advertiu.
A Somália vive em um estado de guerra e caos desde 1991, quando o ditador Mohammed Siad Barre foi derrubado, o que deixou o país sem um governo efetivo e levou o executivo americano de George Bush (1989-1993) a fechar a embaixada em Mogadíscio e suspender as relações bilaterais.
A milícia islâmica Al Shabab, que anunciou em fevereiro de 2012 sua união formal à rede terrorista Al Qaeda, controla amplas áreas do centro e do sul do país, onde o frágil governo somali ainda não está em condições de impor autoridade. Ela luta para instaurar na Somália um Estado islâmico de corte wahhabista.
“O maior desafio que a Somália enfrenta é interno: os somalis devem decidir se querem ser um país unido, no qual as áreas recém-liberadas (do controle de Al Shabab) não sejam ilhas”, ponderou Sherman.
No final do ano passado, Estados Unidos enviou uma equipe militar à Somália pela primeira vez em duas décadas, para ajudar a coordenar as operações das autoridades locais e a Missão da União Africana no país.
Foi a primeira vez que o Pentágono enviou tropas americanas diretamente ao solo somali desde a fracassada operação “Black Hawk Down” de 1993, em que dois helicópteros foram abatidos e 18 soldados mortos. EFE
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