Obama oferece apoio e se diz impressionado com presidente eleito da Ucrânia
Varsóvia, 4 jun (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, se mostrou nesta quarta-feira “profundamente impressionado” com o presidente eleito da Ucrânia, Petro Poroshenko, a quem transmitiu todo apoio de seu governo e a descontentação pela “agressão” da Rússia relacionada à anexação da Crimeia.
O primeiro encontro entre Obama e Poroshenko ocorreu hoje em Varsóvia, onde o presidente ucraniano também manteve uma breve reunião com o chefe de Estado francês, François Hollande, enquanto novos combates entre separatistas pró-russos e forças governamentais foram registrados no leste do país.
Poroshenko, vencedor das eleições presidenciais realizadas no último dia 25 de maio, receberá de Obama todo o respaldo dos EUA, que se comprometeu a enviar material militar “não letal”, como óculos de visão noturna, ao Exército da Ucrânia.
Obama, Poroshenko e Hollande participaram dos atos de comemoração do 25º aniversário das primeiras eleições parcialmente livres realizadas na Polônia depois de décadas de comunismo.
Após seu encontro com o presidente eleito da Ucrânia, Obama afirmou que, se contar com o apoio da comunidade internacional, esse país pode ter uma “viva, forte e próspera democracia”.
O líder americano garantiu que Kiev terá seu respaldo e pediu a outras nações fazer o mesmo, inclusive na capacitação do Exército e da polícia para ajudar os ucranianos a fazer frente aos desafios que terão de enfrentar.
Além disso, Obama confirmou que seu país está completando a assistência do FMI à Ucrânia com US$ 1 bilhão em garantias de empréstimos adicionais.
De acordo com fontes ligadas ao presidente americano, Obama e Poroshenko discutiram hoje os “passos adicionais” da formação de militares ucranianos para que os mesmos “possam conduzir alguns dos desafios que ainda se registram em partes do país”.
O líder americano, que por mais de uma hora com Poroshenko em um hotel de centro de Varsóvia, também analisou medidas para restaurar a paz e favorecer o crescimento econômico, com especial atenção na necessidade de reduzir a dependência energética da Ucrânia, que importa praticamente todo gás e petróleo que consome da Rússia.
Obama também ressaltou o fato dos ucranianos terem rejeitado a violência e a corrupção, assim como a escolha pelo caminho da democracia, algo que considerou fundamental para atenuar a situação de conflito vivida na ex-república soviética.
Para o presidente dos EUA, os ucranianos fizeram “uma escolha inteligente” ao eleger Poroshenko, conhecido como “o rei do chocolate” por suas fábricas de doces.
“Estou profundamente impressionado pela visão de Petro Poroshenko, em parte devido a sua experiência como homem de negócios, o que lhe dá uma ampla compreensão do que precisa ser feito para ajudar a Ucrânia a crescer (…)”, disse.
O presidente eleito da Ucrânia, por sua parte, agradeceu o apoio recebido “nesta fase crucial” e ressaltou que tal atitude demonstra o compromisso dos EUA “na defesa da liberdade e da democracia” na Ucrânia.
Após a reunião com Poroshenko, Obama, como convidado de honra, participou do ato de comemoração do aniversário das primeiras eleições parcialmente livres da Polônia, onde lançou uma contundente mensagem à Rússia.
Nesta, o presidente americano condena expressivamente a “agressão” à Ucrânia e lembra que as nações livres não aceitarão “a ocupação da península da Crimeia”.
A região autônoma da Crimeia foi anexada à Rússia no último dia 21 de março, após um referendo em que a maioria de origem russa optou por se separar da Ucrânia. A península foi cedida à ex-república soviética em 1954.
Tanto os cidadãos de origem russa na Crimeia, assim como em outras regiões do leste da Ucrânia – próximas à fronteira com a Rússia -, rejeitaram a mudança de poder que aconteceu na Ucrânia em fevereiro passado, enquanto as regiões de Donetsk e Lugansk se sublevaram contra as novas autoridades.
O presidente dos Estados Unidos, que ontem anunciou um plano para reforçar a presença militar americana no leste da Europa com um orçamento de US$ 1 bilhão, deixou claro que a Rússia sofrerá “mais isolamento” se manter suas provocações e garantiu que “a Polônia nunca estará só, como também não estarão Estônia, Letônia, Lituânia e Romênia”.
Em paralelo ao encontro dos líderes, novos combates foram registrados hoje na Ucrânia. Segundo o porta-voz da operação militar lançada por Kiev contra os insurgentes, Vladislav Selezniov, mais de 300 milicianos pró-russos foram mortos e 500 ficaram feridos nas últimas 24 horas em Donetsk e Lugansk. EFE
nt/fk
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