Obama pede mais rapidez na luta contra a mudança climática

  • Por Agencia EFE
  • 01/09/2015 03h19

Marc Arcas.

Washington, 31 ago (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, afirmou nesta segunda-feira que a humanidade já dispõe dos conhecimentos científicos e tecnológicos para fazer frente à mudança climática, mas que a luta contra este problema está sendo lenta demais.

“A mudança climática avança a cada dia. Esta ameaça distante já é agora um perigo próximo. Está ocorrendo aqui e agora”, declarou Obama perante os participantes, provenientes de vários países, de uma conferência sobre o Ártico patrocinada pelo Departamento de Estado dos EUA e realizada em Anchorage, no Alasca.

“As temperaturas no Ártico estão se aquecendo no dobro do ritmo do resto do planeta. O ano passado foi o mais quente jamais registrado no Alasca. Isso representa ameaças para as povoações locais, algumas delas iminentes”, ressaltou o presidente americano.

Obama, que fez da luta contra a mudança climática um dos principais cavalos de batalha de seu segundo mandato, ressaltou que uma área do tamanho do estado de Massachusetts já ardeu neste ano no Alasca como consequência das altas temperaturas e da seca que castiga o oeste da América do Norte.

“Isso põe em risco não só as comunidades, mas também os homens e mulheres que arriscam suas vidas lutando contra o fogo”, comentou o presidente, lembrando dos três bombeiros recentemente falecidos quando tentavam sufocar um incêndio no estado de Washington.

Obama destacou que a mudança climática já está afetando a agricultura, os recursos hídricos e a saúde humana, já que se trata de algo que impacta “todo o demais”, da economia à segurança.

“O clima está mudando mais rápido que nossa luta para pará-lo. Isso deve mudar. Não estamos atuando com suficiente rapidez. A boa notícia é que temos os meios para evitar danos irreparáveis”, garantiu.

Obama salientou que no ano passado, pela primeira vez na história, a economia global cresceu e o nível de emissões de carbono se manteve, mas assegurou que “devemos ser mais rápidos”, sempre incluindo em suas críticas tanto os EUA como os demais países.

“Sempre houve argumentos para opor-se a isto: que afetará a economia, que não queremos que se mude nosso estilo de vida… Mas o paradoxo é que poucas coisas mudarão tanto nossa vida como a mudança climática”, avaliou o governante.

Obama fixou a conferência sobre mudança climática da ONU que será realizada no final deste ano em Paris como o momento para que o mundo alcance um acordo para proteger “o que ainda temos de planeta”, mas reconheceu que “não será fácil” e que “todos teremos que passar por transições difíceis”.

“Se as tendências atuais continuarem, não haverá uma só nação no mundo que não será afetada por isso. As pessoas sofrerão. Mais seca, mais inundações, aumento do nível dos mares, mais migrações, mais refugiados, mais escassez, mais conflitos. Temos a capacidade, se começamos agora, de evitar isso”, alertou Obama.

Em sua viagem de três dias ao Alasca, Obama viajará amanhã à área da Península de Kenai e realizará uma excursão em navio pelo Parque Nacional dos Fiordes para ver os efeitos da mudança climática.

Na quarta-feira, o presidente visitará a cidade de Dillingham, onde se reunirá com pescadores e famílias da região e, em seguida, se deslocará a Kotzebue, uma cidade situada no Ártico e de apenas 3.200 habitantes.

O aquecimento global afetou de maneira extraordinária o Alasca, cuja temperatura ambiente média já aumentou mais de três graus centígrados nos últimos 50 anos, provocando, entre outras coisas, grandes degelos em suas geleiras, o que por sua vez contribui ao aumento dos níveis de mares e oceanos no mundo todo.

“Nesta questão, como em todas, há um momento no qual é tarde demais. Esse momento está perto”, concluiu o presidente dos Estados Unidos em seu discurso de hoje. EFE

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