Obama pede que acordo não seja julgado por sua capacidade de mudar o Irã

  • Por Agencia EFE
  • 14/07/2015 21h28

Washington, 14 jul (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu nesta terça-feira que o acordo nuclear alcançado com o Irã não seja julgado por sua capacidade de mudar o regime desse país, mas por ter alcançado o objetivo de evitar que Teerã possa fabricar uma bomba atômica.

“Não vamos medir este acordo pela possibilidade de mudar o regime do Irã. Não vamos medir este acordo pela possibilidade de resolver cada problema no qual o Irã está envolvido ou se conseguiremos acabar com todas suas vis atividades no mundo”, disse Obama hoje em entrevista exclusiva ao jornal “The New York Times”.

“Vamos medir este acordo – e essa foi a premissa original desta conversa, que incluiu o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu – pelo fato de o Irã não conseguir uma bomba atômica. Essa foi sempre a questão”, acrescentou.

Obama fez estas declarações no dia em que os Estados Unidos e o Irã, que romperam suas relações diplomáticas em 1979, chegaram a um acordo junto outras cinco potências mundiais para limitar o programa atômico de Teerã e garantir que não possa produzir armas dessa natureza.

Após quase dois anos de negociações, o Irã e o Grupo 5+1 (EUA, Rússia, China, Reino Unido e França, além da Alemanha) anunciaram hoje em Viena o pacto, que em troca suspende as sanções internacionais que estrangulam a economia iraniana.

“O que vou ser capaz de dizer, e acho que que vou ser capaz de provar, é que este é, por uma ampla margem, o caminho mais definitivo pelo qual o Irã não terá uma bomba nuclear. E vamos conseguir isso com a cooperação total da comunidade internacional e sem ter de nos envolver em outra guerra no Oriente Médio”, defendeu hoje Obama em sua entrevista ao jornal nova-iorquino.

O líder americano quis deixar claro que o objetivo do acordo não é mudar o regime iraniano e que a meta é “muito mais modesta”: assegurar que o Irã não consegue fabricar uma bomba atômica.

“O que é interessante, se você olhar o que aconteceu nos últimos meses, é que os que se opõem no Irã a este acordo são os da linha mais dura, e os que estão mais envolvidos no patrocínio do terrorismo, a desestabilização das nações vizinhas, os mais virulentos contra os Estados Unidos e Israel”, opinou Obama.

“Isso deveria nos dizer algo, porque esses da linha dura são os que buscam o isolamento do Irã, porque lhes fortalece”, acrescentou.

Perguntado pelo papel da Rússia na consecução do pacto com o Irã, Obama assegurou que o acordo não teria sido possível sem a vontade de Moscou de apoiar o resto das potências na busca por uma solução sólida.

“A Rússia foi de uma grande ajuda nisto. Serei honesto. Não tinha certeza disso, dadas as grandes diferenças que temos com a Rússia sobre a Ucrânia, mas (o presidente russo, Vladmir) Putin e o governo russo reagiram a esta situação de uma maneira que me surpreendeu”, concluiu. EFE

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