Obama pede US$ 3,7 bilhões ao Congresso para agir em crise na fronteira
Lucía Leal.
Washington, 8 jul (EFE).- O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu nesta terça-feira ao Congresso US$ 3,7 bilhões a mais para solucionar a crise humanitária provocada pela chegada em massa de crianças e adultos centro-americanos na fronteira, com o que espera chegar a um ponto de inflexão na resolução do assunto.
O pedido de fundos de emergência permitiria aumentar os juizados de imigração dedicados à crise, ampliar a vigilância na fronteira e ajudar à América Central a lidar com os adultos e menores repatriados, além de cobrir as necessidades das mais de mil crianças que chegam, em média, ao país a cada semana.
“Peço ao Congresso que atue rapidamente para considerar este importante pedido”, disse Obama em carta enviada ao presidente da Câmara dos Representantes, o republicano John Boehner.
O valor pedido, que ultrapassa quase o dobro que tinha sido antecipado por alguns veículos da imprensa na última semana, faz parte de uma estratégia da Administração para dissuadir às famílias de enviar suas crianças aos EUA e acelerar o processo de deportação para os que conseguem chegar chegam à fronteira.
“Estamos dando passos para proteger o devido processo (dos menores), mas também para deportá-los de forma mais eficiente”, explicou uma alta funcionária americana que pediu o anonimato.
Enquanto a Casa Branca espera que o Congresso dê mais autoridade ao secretário de Segurança Nacional, Jeh Johnson, para acelerar as deportações, os recursos anunciados hoje se centram fundamentalmente em aumentar a segurança para evitar a chegada das crianças e reforçar a estrutura de resposta à crise.
O pedido inclui US$ 1,533 bilhão para o Departamento de Segurança Nacional, US$ 1,8 bilhão para o de Saúde e Serviços Humanos, US$ 300 milhões para o Departamento de Estado e US$ 64 milhões para o de Justiça, informou a Casa Branca.
O valor mais alto, o US$ 1,8 bilhão, será destinado a aumentar as instalações e os recursos para receber as crianças, cuja constante chegada obrigou o Departamento de Saúde e Serviços Humanos a improvisar centros de detenção em todo o país.
O US$ 1,533 bilhão para segurança incluem US$ 1,1 bilhão para a Agência de Imigração e Alfândegas (ICE), e estarão dedicados a acelerar a deportação dos adultos que em alguns casos acompanham as crianças imigrantes, gerar “alternativas à detenção” dos menores e aumentar a presença de agentes de controle fronteiriço em Guatemala, El Salvador e Honduras.
Os outros US$ 433 milhões restantes irão para a Agência de Proteção de Fronteiras e Alfândegas (CBP), entre eles mais de US$ 39 milhões para aumentar a vigilância aérea na fronteira contra os “coiotes” que traficam crianças, e US$ 364 milhões para pagar as despesas extras para a Patrulha Fronteiriça.
Os recursos para o Departamento de Estado incluem US$ 295 milhões para “reintegrar” os emigrantes deportados na América Central, ajudar os governos da região a “controlar melhor suas fronteiras e para combater as causas de raiz que levam à migração”, como a pobreza e a insegurança.
Os governos de Honduras, El Salvador e Guatemala deverão demonstrar que fizeram “avanços” nesses objetivos para que a ajuda autorizada para o ano fiscal 2014 continue quando for concluído esse período, indicou a Casa Branca.
Além disso, o Departamento de Estado obteria US$ 5 milhões para ampliar o alcance das campanhas de publicidade contra a emigração que os Estados Unidos iniciaram em Honduras, El Salvador e Guatemala, e respaldar programas de apoio a jovens para evitar que abandonem o país.
Por último, o Departamento de Justiça receberia US$ 64 milhões para contratar mais cerca de 40 equipes de juízes de imigração e aumentar os serviços de representação legal para as crianças.
Segundo dados do governo, já são 52 mil as crianças detidas nos últimos nove meses após entrar nos Estados Unidos, número que poderia chegar a 100 mil no final do ano.
A isso se somam os 39 mil adultos acompanhados de crianças que foram detidas pelas autoridades.
De setembro até agora, as autoridades americanas deportaram mais de 87 mil imigrantes à América Central, embora se desconheça quantos são menores, informaram fontes da Casa Branca. EFE
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