Obama volta a fazer história com sua reunião com Raúl Castro

  • Por Agencia EFE
  • 11/04/2015 19h12

Miriam Burgués.

Cidade do Panamá, 11 abr (EFE).- Barack Obama fez história em 2009 ao se transformar no primeiro presidente negro dos Estados Unidos e a partir de hoje será recordado também como o líder que pôs fim à Guerra Fria com Cuba com seu encontro com Raúl Castro.

Em uma pequena sala do complexo onde é realizada no Panamá a VII Cúpula das Américas, Obama e Castro se sentaram um ao lado do outro e conversaram, em um formato similar ao usado pelo presidente americano quando recebe um líder estrangeiro no Salão Oval.

Horas antes, na abertura da cúpula, Obama e Castro já tinham cumprimentado e apertado as mãos, da mesma forma que fizeram em 2013 quando se encontraram em Johanesburgo durante o funeral do ex-presidente sul-africano, Nelson Mandela.

Com declarações como as de que “os EUA não podem seguir presos no passado” ou seu reconhecimento que a política em relação a Cuba mantida por seu país durante décadas “fracassou”, Obama ganhou muitos pontos na região.

Essa mesma região o olhava com receio, decepcionada, até poucos meses atrás, convencida de que jamais se concretizaria a promessa que fez na Cúpula das Américas de Trinidad e Tobago de 2009, a de iniciar uma “nova era”, de “aliança entre iguais”.

Naquela cúpula Obama se reuniu com os líderes da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e o então presidente venezuelano, o falecido Hugo Chávez, lhe presenteou o livro “As veias abertas da América Latina”, do uruguaio Eduardo Galeano.

Três anos depois, na Cúpula de Cartagena (Colômbia), a maioria dos países criticaram a política americana em relação a Havana e a ausência da ilha nestas reuniões continentais, ao que Obama respondeu que daria as boas-vindas a uma Cuba “livre” nos próximos encontros.

Agora, além de pela aproximação a Cuba, Obama também foi felicitado por seus colegas da região por seu plano executivo para regularizar temporariamente cerca de cinco milhões de imigrantes ilegais, muitos deles latinos, embora essas medidas ainda não tenham sido aplicadas porque estão bloqueadas nos tribunais.

Obama nasceu em 4 de agosto de 1961 no Havaí, o estado mais jovem e distante dos EUA, e foi chamado de Barack como seu pai, um economista queniano educado em Harvard, mas quem realmente marcou sua vida foi sua mãe, Stanley Ann Dunham, uma antropóloga do Kansas.

Após a separação de seus pais quando tinha apenas dois anos, o pequeno Barack Hussein voltou a ver seu pai apenas mais uma vez e o novo marido de sua mãe o levou ao país de seu padrasto, Indonésia, onde foi educado em escolas muçulmanas e católicas.

Aos 10 anos sua mãe o enviou outra vez ao Havaí, com seus avôs, para que recebesse uma educação melhor. Em sua adolescência estava mais interessado no basquete do que em livros, mas foi um aluno brilhante e terminou estudando Políticas na Universidade de Colúmbia e Direito em Harvard.

Sua avó materna, Madelyn Payne Dunham, falecida no dia anterior de seu triunfo eleitoral em 4 de novembro de 2008 e que o amava “mais que tudo no mundo”, o inspirou a pensar grande.

Ela “acreditava na promessa fundamental do sonho americano”, da recompensa ao trabalho duro, “e nos ressuscitou” com seu exemplo, segundo disse Michelle, a advogada com quem Obama se casou em 1992 e com quem tem duas filhas, Malia (16 anos) e Sasha (13).

Chicago, a cidade de Michelle, ofereceu muito a Obama. Para lá se mudou na década de 1980 e foi assistente social, depois professor e defensor dos direitos civis até dar o salto à política em 1997 com sua eleição como senador estadual de Illinois.

Em 2004, após ganhar relevância na convenção Democrata com um discurso em favor da reconciliação racial, Obama desembarcou na política nacional e entrou no Senado, de onde se lançou à corrida presidencial com uma campanha que se transformou em um fenômeno midiático dentro e fora dos EUA.

Agraciado com o Nobel da Paz em 2009 por seus “esforços extraordinários para reforçar a diplomacia internacional”, pôs fim à Guerra do Iraque em seu primeiro mandato, mas em 2014 iniciou uma campanha de bombardeios aéreos contra o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) nesse país que se estendeu também à Síria em aliança com uma coalizão internacional.

Obama também autorizou a operação militar que acabou com a vida de Osama bin Laden em 1 de maio de 2011 e em seu segundo mandato suas prioridades em política externa estão claras: conseguir a normalização diplomática com Cuba com a reabertura de embaixadas e fechar um acordo com o Irã sobre seu programa nuclear. EFE

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