OCDE considera fixação de preço para emissões de CO2 uma urgência climática

  • Por Agencia EFE
  • 02/06/2015 09h46

Paris, 2 jun (EFE).- A fixação de um preço para as emissões de dióxido de carbono (CO2) é para a OCDE uma “urgência” na resposta internacional ao aquecimento climático, que além disso considera necessário reorientar os investimentos para um “crescimento verde” com uma regulamentação que os incentive.

Estes são alguns das mensagens destacadas nesta terça-feira pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) no primeiro dia de seu fórum que precede a reunião ministerial, que desde amanhã terá como um de seus temas principal o aquecimento global.

O secretário-geral da organização, Ángel Gurría, se pronunciou no discurso de abertura pela “criação de uma nova economia” que requer “novos incentivos, novas regulações” que “dignifiquem o modelo” para fazê-lo compatível com o futuro do planeta, mas também com mais justiça social.

Gurría insistiu que as desigualdades estão a níveis inauditos, já que o ingresso médio de 20% da população mais rica representa 20 vezes o dos 20% mais pobre, quando há uma geração era uma relação de 7-8 vezes.

“Essa desigualdade se tornou um obstáculo para o crescimento”, advertiu, antes de falar sobre os desafios que provocam as “desordens ambientais” e que “os investimentos não podem ignorar”.

Em uma sínteses preparada para o encontro de seus ministros, a OCDE ressalta que a atribuição às emissões causadoras do efeito estufa de um preço “crível a longo prazo constitui o pilar essencial” da estratégia política em um ano que terminará com a cúpula internacional sobre a mudança climática organizada pela França.

Os especialistas do conhecido “Clube dos países” desenvolvidos insistem que para limitar o aquecimento a 2 graus -um nível que evitaria efeitos irreversíveis- as emissões de CO2 teriam que ser extinguidas daqui no final de século.

E lembram que atualmente dois terços dos investimentos em oferta energética se concentram nos combustíveis fósseis, e que além disso, os 34 países da organização recebem entre US$ 55 e 90 bilhões em ajudas.

A ministra francesa de Ecologia Ségolène Royal, que como anfitriã da cúpula climática de Paris em dezembro preside as negociações, disse que pôr um preço ao carbono é “uma necessidade” e, mais em geral, disse que “fazem falta regras estáveis para acelerar o movimento. É o que nos dizem as empresas”.

Trata-se, também com a regulamentação, de dar visibilidade às administrações públicas e às empresas sobre os estímulos para o investimento na transição energética rumo às renováveis ou em medidas de eficiência energética, e que todos os atores econômicos levem em conta o “risco sistêmico” dos efeitos da mudança climática, argumentou Royal.

A ministra francesa se mostrou convencida de que “entramos em um mundo novo no qual os interesses das empresas e do sistema financeiro convergem com os interesses do planeta”, embora tenha especificado que isso requer regulação para garantir “uma justiça climática”.

Royal fez um repasse de algumas das ameaças mais conhecidas da mudança climática, e em particular sobre a alta do nível do mar que afeta Estados insulanos e países que, como Bangladesh, poderiam perder um terço de seu território onde vivem dezenas de milhões de pessoas.

Royal disse que “embora uns estejam expostos mais que outros, nenhum país está a salvo”, e que em qualquer caso “a inação sai cara” frente ao aquecimento climático, e todos os estudos a cifram “em tantos % do PIB e em bilhões”. EFE

ac/ff

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