Ocidente acusa rebeldes por queda de avião e Rússia por apoio aos milicianos
Mario Villar.
Nações Unidas, 18 jul (EFE).- As potências ocidentais culparam nesta sexta-feira os rebeldes pró-Rússia pela derrubada do voo MH17 da Malasya Airlines, que caiu ontem na Ucrânia, e de forma indireta responsabilizaram a Rússia pela tragédia devido ao apoio do país aos separatistas.
“O avião foi provavelmente derrubado por um míssil terra-ar, um SA-11, operado de uma zona controlada por separatistas no leste da Ucrânia”, disse a embaixadora americano na ONU, Samantha Power, em reunião de urgência realizada pelo Conselho de Segurança.
Power, que descartou a possibilidade das forças de Kiev terem derrubado a aeronave, assegurou que as milícias pró-Rússia dispõem desse tipo de armas e ressaltou que nos últimos dias abateram vários aviões militares ucranianos.
“Isto segue um padrão de ações dos separatistas respaldados pela Rússia”, defendeu a embaixadora. Pouco tempo depois, o presidente dos EUA, Barack Obama, fez um pronunciamento parecido ao de Samantha Power.
O embaixador ucraniano na ONU, Yuriy Sergeyev, disse que foram interceptadas e gravadas conversas nas quais os rebeldes reconheceriam ter derrubado o avião.
Power disse ainda que em função da complexidade técnica dos SA-11 parece “pouco provável” que os milicianos tenham empregado a arma por conta própria, por isso considerou que “não se pode descartar assistência técnica do lado russo”.
Na mesma linha, o embaixador britânico na ONU, Mark Lyall Grant, denunciou que a Rússia forneceu “sistematicamente” armas, equipamento e apoio logístico aos sublevados do leste da Ucrânia.
“O Reino Unido urge à Rússia para que reflita cuidadosamente sobre a situação que criou. Pedimos a Rússia o fim de sua política de apoio aos grupos separatistas armados e suas ações violentas”, acrescentou.
O representante francês, Gérard Araud, convocou a Rússia a deixar de respaldar a guerra na Ucrânia e a demonstrar com atos suas palavras em prol de uma solução dialogada ao conflito.
“A Rússia pode terminar esta guerra”, defendeu Power ao fim de seu discurso.
Pelo outro lado, o embaixador russo nas Nações Unidas, Vitaly Churkin, não negou que o míssil que supostamente derrubou o Boeing 777 possa ter sido disparado das zonas rebeldes, mas assegurou que toda a responsabilidade é das autoridades ucranianas por permitir aviões civis sobrevoarem uma zona de guerra.
“Qualquer pessoa normal se perguntará por que os controladores aéreos ucranianos mandaram um avião para uma zona de combate, uma zona onde a aviação é utilizada para ataques, principalmente contra alvos civis, e onde está em funcionamento sistemas de defesa antiaérea”, disse Churkin.
O representante da Rússia afirmou que segundo a legislação internacional é responsabilidade das autoridades nacionais garantir a segurança dos aviões civis que sobrevoam seu espaço aéreo. Além disso, pediu uma investigação sobre a atuação da Ucrânia no caso.
“É preciso investigar não somente a catástrofe, mas em que medida as autoridades da aviação civil ucraniana respeitaram suas obrigações e utilizaram seus direitos”, argumentou.
Após escutar os embaixadores ocidentais, Churkin pediu para não se “pressionar os investigadores tentando predeterminar os resultados com declarações e insinuações”.
Na mesma linha, a China disse que não se devia tirar conclusões precipitadas e sim esperar mais dados para um pronunciamento mais concreto.
O Conselho de Segurança, apesar sua profunda divisão, uniu-se para pedir uma “investigação internacional completa, exaustiva e independente” e “acesso imediato ao local do acidente”.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, também pediu uma investigação para esclarecer os fatos e ofereceu ajuda das Nações Unidas.
Ban explicou que a ONU está em contato com a Organização da Aviação Civil Internacional (Icao), que propôs a criação de uma equipe internacional para analisar o acidente. EFE
mvs/dk
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