OEA diz que tensão entre EUA e Venezuela pode ter consequências imprevisíveis
Washington, 19 mar (EFE).- O secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, alertou que os recentes atritos entre os Estados Unidos e a Venezuela podem ter consequências imprevisíveis, convocando o órgão a buscar uma aproximação entre os dois países antes da Cúpula das Américas.
Em declarações dadas nesta quinta-feira durante uma reunião extraordinária do Conselho Permanente da OEA para tratar da disputa bilateral, Insulza disse que as ações tomadas pelos governos nesses momentos são interpretadas de formas diferentes, o que geralmente resulta em um aumento das tensões.
“Sem grandes convicções, nem grandes discursos ou oratórias, essa organização tem que se pôr em seu lugar e buscar a concordância entre os países do continente”, afirmou o secretário-geral, pedindo o auxílio dos demais membros na solução do conflito.
Insulza disse que aceita a explicação dada pelos americanos sobre o decreto emitido pelo presidente Barack Obama na última semana, que considerava a Venezuela como uma ameaça à segurança dos EUA e estabelecia sanções a funcionários do governo de Nicolás Maduro.
Os EUA afirmaram que não pretendem invadir a Venezuela e que a medida não tem efeito fora do território americano. Apesar de concordar com argumento, o secretário-geral considerou “não ser comum na nossa região um país ser declarado ameaça à segurança de outro”.
“Isso não implica um passo imediato, mas provoca preocupação, porque mais uma ação em uma escalada de tensão que já dura vários anos entre EUA e a Venezuela”, acrescentou.
Insulza considera a situação especialmente preocupante em um momento que o continente esperava com otimismo a Cúpula das Américas, marcada para ocorrer no próximo dia 10 e 11 de abril, no Panamá, e que contará com a presença de um chefe de Estado de Cuba pela primeira vez desde 1994.
“É disso que temos que cuidar, temos a obrigação de proteger isso, e certamente não o faremos com um aumento do confronto ou com punições que podem ser promover a divisão, mas chamando os países ao diálogo para resolver seus problemas”, defendeu Insulza, que deixará o cargo de secretário-geral após quase uma década, sendo substituído pelo ex-chanceler uruguaio Luis Almago, eleito ontem para o posto.
“Devemos lembrar esse dia como aquele no qual dois países do continente buscaram soluções e peço que isso ocorra neste fórum”, concluiu o titular da OEA sobre o encontro, que reúne figuras importante do continente como a vice-presidente e ministra das Relações Exteriores do Panamá, Isabel De Saint Maur, e o chanceler da Argentina, Héctor Timerman.
Segundo fontes diplomáticas consultadas pela Agência Efe, não é esperado, por enquanto, que a OEA faça uma declaração sobre as tensões entre os EUA e a Venezuela, como as já emitidas pela Aliança Bolivariana para os Povos da América (Alba) e a União de Nações Sul-Americanas (Unasul). EFE llb/lvl
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