OEA nega pedido da Colômbia para discutir crise na fronteira com a Venezuela

  • Por Agencia EFE
  • 01/09/2015 01h20

Cristina García Casado.

Washington, 31 ago (EFE).- Os chanceleres dos 34 países da Organização dos Estados Americanos (OEA) não abordarão a crise na fronteira entre a Colômbia e a Venezuela, como tinha proposto Bogotá, que ficou a um voto de conseguir os 18 necessários para convocar uma reunião especial sobre o assunto.

O Conselho Permanente da OEA, reunido nesta segunda-feira em uma sessão extraordinária a pedido da Colômbia, rejeitou a proposta por 17 votos a favor, 5 contra, 11 abstenções e uma ausência (Dominica).

No encontro de quase quatro horas de duração, ficou mais uma vez em cheque a legitimidade da OEA para abordar os conflitos políticos do continente, algo que já é discutido internamente.

A Venezuela, que aceitou uma reunião de chanceleres na União de Nações Sul-Americanas (Unasul) sobre a crise, anunciou hoje a rejeição à proposta colombiana com o argumento de que a OEA tem “uma lamentável e frustrante história em relação às situações complexas entre os países-membros”.

Equador, Bolívia, Nicarágua, Argentina e Brasil acompanharam a postura venezuelana, defendendo que a Unasul é o fórum onde a crise deve ser abordada. Para os cinco países, o órgão sul-americano é muito mais eficaz do que a OEA para resolver os conflitos na região.

O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, assumiu o cargo no último dia 26 de maio com a promessa de dar relevância à entidade frente às alianças regionais em ascensão como a própria Unasul e a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac).

Almagro esteve presente no conselho, mas não fez nenhuma intervenção ou declaração posterior à imprensa.

A Colômbia buscava uma reunião de consulta com todos os ministros das Relações Exteriores na OEA sobre o considera como “uma grave crise humanitária, com deportações arbitrárias e maus-tratos” contra os cidadãos do país por parte da Venezuela na fronteira.

Antes da votação, o embaixador da Venezuela na OEA, Roy Chaderton, anunciou que seu governo não quer abordar a situação da divisa no órgão continental. E defendeu que a crise seja resolvida de forma bilateral, com uma reunião entre os presidentes dos dois países, algo já oferecido pelo líder venezuelano, Nicolas Maduro.

Por outro lado, informou que a Venezuela aceita que o tema seja incluído na pauta da reunião de ministros das Relações Exteriores da Unasul, convocada para o próximo dia 3 de setembro.

O Panamá, que no princípio era a favor da reunião na OEA, decidiu se abster no fim porque quer defender sua proposta de atuar como mediador na crise entre Venezuela e Colômbia.

Apoiaram a proposta de Bogotá 17 países: Costa Rica, El Salvador, Estados Unidos, Guatemala, Guiana, Honduras, Jamaica, México, Paraguai, Peru, Santa Lúcia, Uruguai, Bahamas, Barbados, Canadá, Chile e a missão da Colômbia.

Cinco países rejeitaram a possibilidade de discutir o assunto na OEA: Equador, Haiti, Nicarágua, Bolívia e a própria Venezuela. Outros 11 se abstiveram, favorecendo assim o governo de Maduro: Granada, Panamá, República Dominicana, São Cristóvão e Neves, São Vicente e Granadinas, Suriname, Trinidad e Tobago, Antígua e Barbuda, Belize, Brasil e Argentina.

Após saber do apertado resultado da votação, o embaixador da Colômbia na OEA, Andrés González, disse que seguirá trabalhando para dar “novos elementos” aos que preferiram se abster da votação.

O governo do presidente Juan Manuel Santos pretendia com a proposta expor aos ministros das Relações Exteriores a crise humanitária provocada pela deportação de mais de cidadãos do país que viviam no estado venezuelano de Táchira, além dos cerca de 10.000 que, segundo a ONU, voltaram à Colômbia voluntariamente.

A crise teve início no último dia 19 de agosto, quando Maduro ordenou o fechamento de um trecho da fronteira entre Colômbia e Venezuela, com o argumento de combate ao contrabando e a supostos paramilitares. EFE

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