OMS afirma que 9 milhões de pessoas desenvolveram tuberculose em 2013
Marta Hurtado.
Genebra, 22 out (EFE). – Aproximadamente, nove milhões de pessoas desenvolveram tuberculose em 2013, 500 mil casos a mais do que o estimado previamente, revela um relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicado nesta quarta-feira.
De acordo com o texto, a melhora nas técnicas de detecção, coleta e divulgação da informação proporcionou a descoberta desses casos “extras”. Apesar disso, apenas seis milhões foram realmente diagnosticados, ou seja, “três milhões de pessoas estão fora do sistema, e, portanto, não têm acesso a tratamento”, afirmou em entrevista coletiva Mario Raviglione, diretor do Programa Mundial sobre Tuberculose da OMS.
Ao todo, 85% dos que desenvolvem tuberculose no mundo se curaram, por isso o número acumulado de pacientes não difere enormemente dos novos infectados. Segundo o estudo, o total acumulado de pessoas que tiveram tuberculose em 2013 se elevou a 11 milhões. Estima-se que, desde o ano 2000, 37 milhões de vidas foram salvas graças a um diagnóstico precoce e a um tratamento efetivo.
No entanto, a OMS lamenta que, todos os anos pessoas ainda morram de uma doença curável por falta de diagnóstico. Dos nove milhões de pessoas que tiveram a doença, 1,5 milhão delas morreram.
Ainda assim, o relatório destaca que a taxa de letalidade está diminuindo, e de fato caiu 45% desde 1990. Porém, a tuberculose continua sendo a segunda doença mais fatal causada por um só agente infeccioso.
Um dos principais problemas é a falta de financiamento. De acordo com a OMS, são necessários US$ 8 bilhões para a luta mundial contra a doença, mas só há US$ 6 bilhões.
Sobre a Tuberculose Multirresistente (TBMR), no ano passado, a OMS declarou que era uma crise sanitária e devia ser tratada com urgência, algo que “ainda persiste”, especificou Raviglione.
A entidade estima que em 2013 foram 480 mil casos de TBMR, o que representa 3,5% das pessoas que desenvolveram a doença. Concretamente, 136 mil casos de TBMR foram diagnosticados, 97 mil dos quais puderam receber tratamento. Estes dados revelam ainda que outros 39 mil pacientes não foram tratados.
Esta versão da doença é muito mais difícil de ser curada, muito mais longa – dois anos, em vez de seis meses – e muito mais cara. O relatório destaca que as regiões geográficas mais afetadas pela Tuberculose Multirresistente são a Europa Oriental e a Ásia Central.
“A queda da União Soviética pôs as condições idôneas para isso: o sistema de saúde colapsou e a pobreza se expandiu. Mas, além disso, havia um problema de base, e é que não se tratavam os pacientes com o padrão de quatro remédios, mas apenas com um, com o que se deixavam escapar bacilos mutantes resistentes a outros medicamentos. As pessoas começaram a infectar umas as outras e se criou a epidemia”, explicou Raviglione.
De 2009 a 2013 triplicou o número de casos detectados de Tuberculose Multirresistente. Estes novos dados são o resultado da aplicação em 27 países em desenvolvimento do programa “Expand TB”, para melhorar as técnicas de detecção e diagnóstico da doença em geral e da multirresistente em particular. No mundo todo, apenas 48% das pessoas que sofrem com a TBMR se curam.
Ainda mais grave que ela é a Tuberculose Extensivamente Resistente (XDR-TB, sigla em inglês), que está se expandindo e foi diagnosticada em 100 países. O estudo revela que apenas 22% dos pacientes com XDR-TB se curam.
Outro dos desafios da comunidade internacional é lidar com a epidemia “TB-HIV”. Dos nove milhões de pessoas que desenvolveram tuberculose em 2009, 1,1 milhão (13%) tinha o vírus do HIV, e quatro de cada cinco casos ocorrem na África. De 1,5 milhão de pessoas que morreram, 360 mil também conviviam com o vírus da Aids.
Apesar de este número revelar que as mortes relacionadas com ambas as doenças reduziram um terço na última década (de 540 mil em 2004 a 360 mil atuais), a OMS ressalta que são necessárias mais medidas de prevenção e mais disponibilidade de antirretrovirais. EFE
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