OMS anuncia que começou vacinação teste contra ebola em Guiné e Libéria
Genebra, 25 mar (EFE).- A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou nesta quarta-feira que começou a vacinar moradores de uma das regiões da Guiné mais atingidas pela epidemia contra o ebola, o que servirá para determinar a eficiência do produto, que ainda está em fase de testes.
A vacina que será testada na Guiné é a VSV-ZEBOV, desenvolvida pela Agência de Saúde Pública do Canadá e produzida atualmente pela biotecnológica NewLink Genetics Corporation e pela farmacêutica Merck.
O objetivo é vacinar 10 mil pessoas no país em um período de seis a oito semanas, com acompanhamento de três meses para os vacinados. Os resultados preliminares devem estar disponíveis em julho.
A epidemia de ebola foi descoberta há um ano na Guiné, de onde o vírus se propagou rapidamente para Libéria e Serra Leoa, e provocou mais de 10 mil mortes nos três países.
Os primeiros vacinados serão adultos próximos de pacientes confirmados com ebola e que consentiram em participar deste teste clínico em fase III.
“O lançamento da campanha de vacinação é certamente um dos períodos mais importantes, ao qual nunca havíamos chegado para desenvolver uma linha de defesa moderna contra o vírus do ebola”, explicou o representante da OMS na Guiné, Jean Marie Dangou.
Uma equipe médica especialmente formada para a vacinação, as vacinas e o equipamento necessário chegaram segunda-feira a uma aldeia da prefeitura de Coyah, na região da Baixa-Guiné.
Mulheres grávidas e crianças estão excluídas desta etapa dos ensaios clínicos, que também começaram há alguns dias na Libéria.
A Libéria utilizada também a vacina cAd3-ZEBOV, desenvolvida pelo laboratório GlaxoSmithKline, a outra vacina experimental que foi testada em uma fase prévia em voluntários saudáveis de vários países da Europa, da África e dos Estados Unidos.
Foi o mesmo processo utilizado na vacina VSV-ZEBOV, o que permitiu estabelecer que ambas eram suficientemente seguras e geravam respostas imunológicas em que as recebeu.
Em cada um dos países afetados, a vacinação acontecerá em um modelo diferente que permitirá aproveitar a situação concreta do lugar.
A região escolhida na Guiné é a que sofre com a transmissão mais intensa do vírus, por isso a vacinação será realizada segundo um modelo chamado “por anéis”, que consiste em identificar os contatos de um doente e vaciná-los para criar ao redor dele um “anel de imunidade”.
Se isto conseguir deter a propagação do vírus além desse núcleo significa que a vacina é eficaz e gera a defesa imunológica desejada, o que não pode ser comprovado quando é testada em pessoas saudáveis que não estão expostas ao vírus.
Esta mesma estratégia – de vacinar as pessoas com mais alto risco – foi utilizada para a erradicação da varíola na década de 70.
Segundo a OMS, o teste na Guiné foi bem recebido pela população local, superando o grande obstáculo que o medo e a desinformação representam.
Isto exigiu muitos esforços na Libéria, onde inicialmente houve resistência à vacinação, embora agora já haja centenas de voluntários registrados para receber uma dose.
Esta etapa avançada de ensaio clínico deve abranger 30 mil pessoas, incluindo Serra Leoa, segundo as previsões da OMS. EFE
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