OMS espera conseguir controlar o ebola apesar de sua contínua expansão

  • Por Agencia EFE
  • 14/10/2014 16h33
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Marta Hurtado.

Genebra, 14 out (EFE).- O vírus do ebola está em plena expansão geográfica nos três países mais afetados (Libéria, Guiné e Serra Leoa), a ameaça paira sobre as nações fronteiriças e a falta de pessoal local e internacional é preocupante – mas, apesar de tudo isso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) acredita que ainda é possível controlar a epidemia.

Essa foi a esperança expressada nesta terça-feira pelo diretor-geral adjunto da OMS, Bruce Aylward, coordenador da resposta operacional na luta contra o ebola.

Em entrevista coletiva, o responsável da OMS destacou que a situação é grave e vai ser ainda pior, motivo pelo qual não só não se deve baixar a guarda, mas intensificar e multiplicar exponencialmente todos os esforços.

Porém, se tudo for implantado corretamente e com prontidão, é possível controlar a epidemia, garantiu o especialista.

Atualmente o número de infectados é de 8.914 pessoas, enquanto o de mortes se situa em 4.447; deixando taxa de mortalidade em uma média de 70%, segundo Aylward.

A incidência é de mil novos casos por semana, mas a expectativa é que no início de dezembro este número aumente até um patamar de entre cinco mil e dez mil casos a cada sete dias.

Alcançado esse ponto, que seria um pico, deve começar a ocorrer uma redução paulatina dos casos, que com o tempo deveria levar a um controle da epidemia, acrescentou.

A ideia dos responsáveis da OMS é conseguir que a curva de crescimento comece a cair a partir do início de dezembro e se cumpra com o objetivo de começar a ver um claro descenso de casos antes do final do ano.

Para que isto ocorra, previamente deve ser alcançado o objetivo “70-70-60”, estabelecido pela Missão das Nações Unidas para a Resposta de Emergência ao Ebola.

O objetivo “70-70-60” é conseguir que no prazo de dois meses (60 dias a contar a partir de 1 de outubro) se consiga que 70% dos infectados estejam isolados e que 70% dos enterros aconteçam de forma digna, mas segura, para eliminar assim dois dos principais vetores do contágio.

A ideia é que em dois meses seja possível detectar todas as cadeias de transmissão, explicou Aylward.

“Isto obviamente dependerá de quão rápido ponhamos em prática todos nossos objetivos, e quão efetivos sejam”, especificou.

O diretor da OMS comentou, além disso, que, por enquanto, a tarefa é mais que árdua, uma vez que se detecta uma constante expansão geográfica do vírus.

“Detectamos que o ebola está presente em mais condados que há uma semana. E isto ocorre nos três países mais afetados”, explicou Aylward, acrescentando que a mesma situação se dá nas três capitais, onde cada vez se registram mais casos.

Esta expansão é preocupante dado que nas capitais é onde se concentra o maior número de pessoas e, portanto, o contágio é mais difícil de controlar.

Além disso, o diretor-geral adjunto mostrou sua preocupação pela possibilidade que o vírus “cruze as fronteiras” e surjam casos nos países contíguos: Guiné-Bissau, Mali, Senegal e especialmente, Costa do Marfim.

Além disso, outro dos maiores desafios continua sendo a falta de pessoal, tanto local como internacional.

“Temos um claro problema de recrutamento de pessoal internacional, e isto é um grande desafio”, confessou.

Aylward anunciou que o Reino Unido e Estados Unidos construirão centros de tratamento contra o ebola em Serra Leoa e Libéria, respectivamente, para cuidar dos doentes internacionais.

O funcionário da OMS explicou que a decisão de construir ditos centros foi adotada para tentar atrair o maior número possível de especialistas internacionais.

Muitos especialistas ainda hesitam em viajar aos países mais afetados pelas dúvidas que têm sobre o tratamento que receberiam se fossem contagiados e, sobretudo, a rapidez com a qual teriam acesso a ele se não puderam ser repatriados com prontidão.

“Ainda há poucas companhias que querem voar aos países afetados e às vezes passam dias desde que se detecta a infecção e a repatriação. Isso prejudica muitos as possibilidades de recuperação”, comentou Aylward.

O diretor-geral adjunto negou que estes centros seriam construídos para evitar que o vírus se propague nos países industrializados que repatriam pessoas infectadas.

Espanha e Estados Unidos lidam atualmente com os casos de duas auxiliares de enfermagem que se infectaram após tratar doentes de ebola que adoeceram na África.

“Sabemos que estamos pedindo muito ao sistema, mas é o que é preciso fazer se o objetivo é acabar com a doença. Porque, se não fazemos assim, mais pessoas morrerão e mais difícil será controlar a epidemia”, concluiu. EFE

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