OMS estima mais mil novos casos de microcefalia no Brasil

  • Por Estadão Conteúdo
  • 22/11/2016 12h33 - Atualizado em 11/05/2017 16h19
Pequena Manuelly EFE/ Antonio Lacerda Imagens de zika

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que o zika está “aqui para ficar” e que pelo menos mais de mil novos casos de microcefalia ligados ao vírus deverão ser identificados no Brasil. Quatro dias depois de anunciar o fim da emergência global, a entidade reuniu nesta terça-feira (22), governos de todo o mundo para explicar a medida e garantir que a atenção sobre a nova doença será “reforçada”.

Anthony Costello, diretor de Saúde Infantil da OMS, explicou que atualmente existem 2,1 mil casos confirmados de microcefalia. Mas outros 3 mil estão em análise. “Desse total, poderemos esperar um número extra de mil casos confirmados”, disse. “A emergência mundial pode ter acabado. Mas temos um enorme problema de saúde”, comentou.

No total, a OMS aponta que o número total pode superar 3,1 mil casos, antes mesmo de o verão começar no País. A entidade também destaca que 80% dos casos ainda não têm sintomas nas mulheres – o que pode levar o número total de casos a ser ainda maior. De acordo com Costello, os novos casos por mês somam de 220 a 450 desde meados do ano no Brasil. 

Ele confirmou que novos estudos coletados pela OMS alertam que quanto mais cedo a contaminação de uma gestante pelo zika, maiores as chances de que seus bebês desenvolvam problemas como surdez, má-formação e mesmo microcefalia.

“Se a contaminação for no primeiro trimestre, os riscos neurológicos são maiores”, explicou Pete Salama, diretor executivo da OMS. “Muitos nascem com cabeças normais, mas estamos descobrindo que os problemas podem ser maiores.”

Nesta terça-feira, reportagem do jornal O Estado de S. Paulo revelou que um estudo que acompanhou 57 gestantes paulistas infectadas pelo zika reforçou a hipótese de que o vírus pode causar diversos danos aos bebês além da microcefalia. E as anomalias podem acontecer independentemente do trimestre de gravidez em que a mãe foi infectada.

Coordenada por Mauricio Lacerda Nogueira, professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto e integrante da Rede Zika (força-tarefa formada por pesquisadores de São Paulo apoiados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, a Fapesp), a pesquisa monitorou 1.200 grávidas do interior, das quais 57 tiveram a confirmação de contaminação pelo vírus zika, com casos de infecção em todos os trimestres da gestação.

“Não sabemos se esse é um grupo selecionado”, disse Costello. “Mas precisamos mais estudos sistemáticos no Brasil e no mundo para saber qual a dimensão dos problemas.”

Para Salama, a OMS precisa de “vários anos” para responder a algumas perguntas. Mas o problema é que o financiamento pode ser um desafio. A entidade pediu US$ 112 milhões para bancar programas de combate ao zika pelo mundo em 2017. A entidade, porém, recebeu apenas US$ 15 milhões por enquanto. Apenas para a OMS, o buraco financeiro é de US$ 19 milhões.

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