Onda de estupros e assassinatos de crianças choca a sociedade boliviana
La Paz, 17 nov (EFE).- Dezenas de pais de família bolivianos se manifestaram nesta segunda-feira para exigir que os responsáveis pela onda de violência física e sexual contra crianças sejam punidos com castração e pena de morte em um escândalo que chocou a sociedade boliviana.
O caso mais recente descoberto é de uma menina de quatro anos que estava desaparecida há cinco dias e foi encontrada morta em uma lagoa após ser estuprada, segundo indicou a autópsia.
O corpo de Laidy Vásquez foi encontrado flutuando em uma lagoa da cidade de Palca, na região central de Cochabamba.
O subtenente Ludwing Romero, encarregado do caso, declarou à Agência Efe que os médicos confirmaram na autópsia realizada na cidade de Cochabamba que a menina foi abusada sexualmente. A polícia deteve o avô da menor, de 58 anos, como “principal suspeito”.
A indignação começou depois de um bebê de oito meses que vivia em um orfanato ter morrido após ser estuprado, na semana passada. Esse caso e o novo crime intensificaram os protestos de associações de pais que exigem punições mais pesadas contra abusadores de menores.
Na Bolívia a pena máxima permitida na legislação é de 30 anos de prisão sem possibilidade de condicional para os casos de assassinato e feminicídio.
“Como se pode fazer isso a crianças indefesas, tem que haver pena de morte para os estupradores, para que isso acabe”, declarou à Efe Rogelia Calisaya, uma das mães que se manifestaram hoje em frente ao Ministério da Justiça em La Paz.
Nos últimos dias também aconteceram manifestações em frente ao orfanato em que o bebê foi violentado e na Corte Judicial de La Paz.
Os manifestantes também pediram que nos orfanatos haja pessoal qualificado, após ser divulgado que jovens com menos de 20 e sem experiência trabalham cuidando de várias crianças ao mesmo tempo.
O caso do pequeno Oscar, que morreu após ser violentado em circunstâncias que ainda não foram esclarecidas, mantém comovida à sociedade boliviana desde a semana passada.
As autoridades acusaram funcionários do orfanato, as enfermeiras e médicos de um hospital de La Paz onde o bebê foi atendido e passou algumas horas antes de morrer após a violação.
Duas enfermeiras e a babá do menor no orfanato foram acusados de infanticídio e detidos, enquanto outra enfermeira, dois médicos e um estudante de medicina estão sob prisão domiciliar, todos acusados de acobertarem o crime.
Este caso provocou atritos entre o Ministério da Justiça e a Procuradoria Geral.
Quatro promotores de La Paz acusaram três pessoas por infanticídio e quatro por acobertamento, após um trabalho de investigação que, no entanto, a ministra da Justiça, Sandra Gutiérrez, considerou “negligente”.
O procurador-geral rebateu enviando mais dois altos funcionários da procuradoria de Sucre até La Paz.
Os funcionários do hospital declararam greve hoje para exigir que as enfermeiras que atenderam o bebê sejam liberadas e protestaram contra o ministro de Interior, Jorge Pérez, quando ele visitou o centro médico.
Segundo dados divulgados este mês pela Defensoria Pública, todos os anos são registrados na Bolívia 14 mi casos de estupros de meninas, meninos, adolescentes e mulheres, e 34% das menores de idade sofrem abusos sexuais antes de completar 18 anos.
O defensor público, Rolando Villena, denunciou recentemente que os abusos sexuais e o assassinato de meninas aumentaram “em quantidade e crueldade”, e mencionou uma dezena de casos para os quais pediu castigos e sanções.
Instituições internacionais como Nações Unidas, Unicef, cooperações internacionais e outras entidades que trabalham em programas de infância não se pronunciaram ainda sobre esta escalada da violência contra meninos e meninas. EFE
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