ONG denuncia aumento de mortes de ecologistas no Brasil

  • Por Agencia EFE
  • 15/04/2014 10h04

Londres, 15 abr (EFE).- O grupo Global Witness denunciou nesta terça-feira o aumento de mortes de ativistas defensores do meio ambiente e o direito à terra entre 2002 e 2013 no mundo, sobretudo na América Latina, onde o Brasil é o país mais perigoso para o grupo.

Em um relatório divulgado hoje em Londres, a ONG afirma que pelo menos 908 pessoas morreram em 35 países defendendo o meio ambiente e o direito à terra nesse período, embora os últimos anos tenham sido os piores.

De acordo com o documento, mais de 80% das mortes registradas corresponderam à América Latina.

Segundo a ONG – que luta contra a corrupção, a pobreza e defende os direitos humanos – esse aumento alarmante de mortes corresponde à forte concorrência para chegar aos recursos naturais, especialmente em países latino-americanos como o Brasil, Honduras e Peru, e também em outros da zona da Ásia-Pacífico.

Por ocasião do 25º aniversário da morte do ativista e seringueiro Chico Mendes, o relatório da Global Witness, intitulado “Ambiente Mortal”, assinala que a falta de informação sobre o problema dos ativistas faz pensar que o número total de mortes pode ser ainda maior.

De acordo com o documento, o Brasil é país mais perigoso para defender o direito da terra, pois houve 448 mortes nesse período, seguido por Honduras, com 109, e Filipinas, com 67, enquanto o número correspondente ao Peru é de 58.

O grupo acrescenta que 2012 foi o pior ano para os ativistas, pois foram registradas 147 mortes, quase três vezes mais que em 2002, enquanto a impunidade está estendida já que apenas dez responsáveis desses falecimentos foram condenados.

Oliver Courtney, representante da Global Witness, advertiu sobre o risco atual para os ativistas e disse confiar em que este documento chame atenção sobre a situação para os governos nacionais e a comunidade internacional.

A Global Witness assinala que as comunidades indígenas se veem afetadas pois em muitos casos o direito a suas terras não foi reconhecido por lei ou na prática, por isso são vulneráveis à “exploração de poderosos interesses econômicos”.

Nesse sentido, a ONG diz que os principais problemas no Brasil são as disputas pelas terras, enquanto a situação nas Filipinas está ligada ao setor minerador.

A Global Witness pede um esforço coordenado para acompanhar de perto a situação, especialmente da ONU.

Além disso, a organização solicita aos organismos regionais defensores dos direitos humanos e aos governos nacionais que acompanhem de perto os casos de abusos contra os ativistas e que os responsáveis de suas mortes sejam levados à Justiça. EFE

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