ONG denuncia aumento de prisões de defensores de direitos humanos na China
Pequim, 16 mar (EFE).- O número de detenções de defensores dos direitos humanos na China registrou um “alarmante aumento” em 2014, com até 800 detenções registrados, mais do que o total dos dois anos anteriores, denunciou a ONG Chinese Human Rights Defenders (CHRD) em seu relatório anual publicado nesta segunda-feira.
No documento, intitulado “Silenciando o Mensageiro”, a CHRD afirmou que 2014 foi o ano mais repressivo em mais de uma década, após analisar a situação dos defensores dos direitos humanos.
“O segundo ano sob o mandato de Xi Jinping foi inclusive mais draconiano que o primeiro. Podemos ver o desdobramento das políticas contra a dissidência, especialmente a organizada”, assinalou Renee Xia, diretora internacional da CHRD.
A ONG documentou vários casos que evidenciam comportamentos “preocupantes”, entre eles o prolongamento sistemático das detenções sem direito a julgamento que, em alguns casos, passam de um ano.
Também denunciou a privação do direito a um advogado ou à assistência médica, e destacou o caso da ativista Cao Shunli, que morreu em um hospital há um ano quando ainda estava sob detenção e depois de as autoridades negarem atendimento médico durante os meses em que esteve presa.
O relatório acrescentou que o ano 2014 também foi negativo para a liberdade de associação e assembleia, já que algumas ONGs que debatiam temas “não sensíveis” para o governo – e que anteriormente desfrutavam de uma certa liberdade – sofreram mais perseguição e algumas chegaram a ser fechadas.
Neste caso, o CHRD lembrou das cinco feministas que foram detidas recentemente pouco antes do Dia da Mulher, quando tinham previsto realizar um protesto.
O relatório também destacou o aumento de processos contra advogados. Pelo menos nove foram presos ou acusados de crimes em 2014 e as autoridades expandiram sua campanha de repressão para quem defendeu os advogados detidos.
Um dos momentos mais graves do ano foi quando a China impediu que cidadãos chineses participassem da revisão conduzida pela ONU da situação dos direitos humanos no país, e voltou a citar o caso de Cao Shunli, detida quando tentou pegar um voo a Genebra para participar desse debate.
As minorias étnicas, como tibetanos e uigures também sofreram mais opressão das autoridades em 2014, documentou a CHRD, para quem Xi Jinping intensificou sua campanha contra estes grupos e aumentou os controles na região de Xinjiang, lar da etnia uigur, com a justificativa de terrorismo após os ataques ocorridos.
Como exemplo, a CHRD citou o caso de Ilham Tohti, o intelectual uigur moderado que defendia um entendimento entre Pequim e os uigures, e que acabou condenado a prisão perpétua ano passado por “separatismo”.
O CHRD pediu agora ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, que se reúne em Genebra este mês, que investigue as violações de direitos humanos cometidas pelo governo chinês e que ele libere os presos políticos. EFE
Comentários
Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.