ONG pede que México atue diante de falhas no caso dos 43 estudantes
Nova York, 6 set (EFE).- A organização Human Rights Watch (HRW) pediu neste domingo que o México aborde “imediatamente” as falhas descobertas na investigação do desaparecimento de 43 estudantes no sul do país em setembro de 2014 e analise as denúncias de abusos e obstrução da Justiça feitas por especialistas internacionais.
“Apesar de o mundo ter os olhos para o México e dos enormes recursos alocados, as autoridades demonstraram ser incapazes ou não estarem dispostas a realizar uma investigação séria”, lamentou em comunicado o diretor para as Américas da ONG, José Miguel Vivanco.
Foi desse modo que a HRW reagiu à apresentação do relatório do caso elaborado pelo Grupo Interdisciplinario de Especialistas Independentes (GIEI), que contradiz a versão oficial dos fatos.
Segundo os especialistas da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), os 43 estudantes “não foram incinerados no lixeiro municipal de Cocula” como apontava a investigação da Procuradoria-Geral da República (PGR).
A procuradoria anunciou em janeiro que tinha chegado à “verdade histórica” dos incidentes da noite de 26 de setembro a partir de várias provas científicas e dos depoimentos dos supostos autores.
O então procurador, Jesús Murillo, disse que graças a 487 análises periciais, 386 declarações e duas reconstituições ficava provado que os jovens foram detidos por policiais e entregues ao cartel Guerreros Unidos, que os assassinaram e incineraram no lixeiro, para depois jogar seus restos mortais no rio San Juan.
“Este relatório contém uma avaliação extremamente crítica sobre a atuação do México perante a atrocidade de direitos humanos mais grave dos últimos tempos”, comentou Vivanco neste domingo.
Para a HRW, o México deve abordar imediatamente as falhas em sua investigação e a PGR deveria investigar as denúncias de graves abusos e obstrução da Justiça citadas pelos especialistas internacionais.
O relatório da CIDH assinala que alguns dos detidos confessaram que sofreram torturas por parte das autoridades para fazer o depoimento.
A HRW considera que a investigação oficial também foi marcada pela possível destruição de provas importantes.
“Sem este relatório, a magnitude das falhas na investigação provavelmente nunca teriam sido divulgadas, e o caso dos 43 estudantes teria sido encerrado. O grupo de especialistas deveria ser renovado, para que possa monitorar as investigações sobre este e outros casos de direitos humanos. Claramente, as instituições judiciais do país necessitam de apuração externa para evitar que esse desempenho lamentável se repita”, indicou Vivanco. EFE
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