ONU, a ligação entre as comunidades cipriotas divididas há meio século
Flora Alexandrou.
Nicósia, 5 jul (EFE).- Cinquenta anos depois de a missão da ONU para a manutenção da paz (UNFICYP) ter desembarcado no Chipre, a ilha continua dividida e sem uma solução política, apesar desta operação internacional continuar sendo o elo imprescindível entre as duas comunidades que vivem nela.
A UNFICYP é a missão mais antiga da ONU estabelecida naquele distante ano de 1964 para frear as hostilidades entre greco-cipriotas e turco-cipriotas, que explodiram somente três anos depois de o Chipre se tornar independente dos britânicos.
Embora a situação atual não seja parecida à de 50 anos atrás, a presença da UNFICYP continua sendo necessária até uma solução para o conflito cipriota ser alcançada.
A atuação da UNFICYP foi decisiva em 1974, quando em resposta ao golpe de Estado greco-cipriota, uma semana depois, o exército turco invadiu e ocupou a parte norte da ilha.
Desde então, as duas comunidades estão geograficamente divididas – greco-cipriotas no sul e turco-cipriota no norte – por isso que se conhece como zona de segurança, uma faixa que se estende 180 quilômetros ao longo da ilha e que é vigiada pelos capacetes azuis da ONU.
“A ONU tem o firme propósito de continuar com a missão todo o tempo que for necessário para cumprir o mandato que foi estabelecido pelo Conselho de Segurança”, disse à Agência Efe o tenente-coronel Miguel Ángel Salguero, que lidera o contingente argentino, segundo maior da UNFICYP.
Embora nos últimos 20 anos não tenha havido choques entre as duas partes, à revelia de uma solução política, o Conselho de Segurança da ONU ampliou o mandato da UNFICYP.
Parte das tarefas desta missão é respaldar o secretário-geral da ONU de turno em seu trabalho de promover a reunificação das comunidades do Chipre, um objetivo que até hoje não deu resultados.
Atualmente há no Chipre um total de 925 soldados (859 soldados e 66 policiais) procedentes de 21 países, mais 37 empregados de pessoal civil internacional e 110 de pessoal civil local.
O orçamento anual da missão é de cerca de 42 milhões de euros (mais de US$ 56 milhões) dos quais 14 milhões de euros (US$ 18,6 milhões) é a contribuição voluntária do Chipre e 5 milhões de euros (US$ 6,5 milhões) a cota da Grécia, sendo assim a terceira missão da ONU menos custosa.
Durante estes 50 anos de presença, 32 estados enviaram seus soldados ao Chipre e foram registradas 184 mortes.
Entre os países que contribuem para esta missão de paz desde 1993 está a Argentina, que conta com cerca de 300 soldados, no qual também são integrados 14 militares do Chile, o mesmo número do Paraguai e um do Brasil.
A Argentina é depois do Reino Unido (antiga potência colonial no Chipre), o país que mais soldados enviou à UNFICYP, seguida da Eslováquia e da Hungria.
A nova substituição da Força de Tarefas Argentina, que chegou ao Chipre em fevereiro passado, inclui a presença de oito mulheres.
“Não há nenhum tipo de discriminação entre mulheres e homens em relação às atividades”, assegurou à Efe uma das integrantes, Mariana Ponce, que chegou ao Setor 1, sede do contingente argentino, situado a cerca de 50 quilômetros a oeste de Nicósia.
Também no Chipre está presente a unidade aérea Unflight, composta por cerca de 30 soldados da Força Aérea Argentina, helicópteros Bell 212 e Hughes 500 D.
“O Chipre nos dá a possibilidade de contribuir para a paz com o nosso serviço militar”, explicou o coronel Salguero.
“Como disse uma vez um secretário-geral da ONU, as missões de paz, paradoxalmente, só podem ser cumpridas pelos soldados”, acrescentou o oficial argentino, cujos homens estão em uma missão a 14.000 quilômetros de distância de seu país. EFE
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