ONU acredita em número de vítimas “muito maior” em regiões rurais do Nepal

  • Por Agencia EFE
  • 30/04/2015 17h33

José Luis Paniagua.

Katmandu, 30 abr (EFE).- O principal representante da ONU e da operação humanitária no Nepal, Jamie McGoldrick, declarou nesta quinta-feira que haverá muito mais vítimas do terremoto nas regiões rurais do que a quantidade registrada na capital, e ressaltou que é “essencial” levar a ajuda de Katmandu ao restante do país.

“Nas regiões remotas, onde o terremoto foi realmente mais violento, o sofrimento é muito maior do que estamos vendo aqui (na capital). Além disso, a infraestrutura lá não é tão robusta quanto aqui, então cabe imaginar que o número de vítimas é muito maior”, disse McGoldrick.

O coordenador de Assuntos Humanitários da ONU e principal encarregado de articular toda a ajuda internacional que chega ao Nepal afirmou que “não se trata mais de quem morreu”, mas do que é possível fazer “com quem sobreviveu, e como evitar que esses morram também”.

“Estimamos que 75% da população ativa viva nessas áreas fora de Katmandu. No que cabe a mim, acho que o importante é chegarmos lá para ver o que há”, declarou, ao recusar comentar especulações sobre a situação desses lugares após o terremoto de sábado.

Com o número de mortos já confirmado acima dos seis mil e o de feridos superando os 13 mil, McGoldrick analisou que as prioridades devem ser fornecer abrigo, água, saneamento, saúde e comida aos sobreviventes.

“Se conseguirmos chegar a essas pessoas rapidamente e antes que comecem a temporada de monções, acho que teremos feito um bom trabalho”, afirmou.

McGoldrick lembrou que a ONU iniciou ontem uma campanha de ajuda pedindo US$ 415 milhões para cobrir o que considera “essencial”, de modo a dar uma resposta a cerca de milhão de pessoas em situação de desnutrição e pobreza, vulnerabilidades que “essas emergências contribuem para exacerbar”, ressaltou.

O representante da ONU minimizou as críticas recebidas pelos problemas na distribuição de ajuda à população.

“É um momento muito dramático em que o povo perdeu seus recursos, suas casas, seus entes queridos”, argumentou McGoldrick, que considerou importante responder a essas cobranças e “acalmar” os que protestam insatisfeitos.

“Foi muito trágico o que aconteceu, uma comoção enorme para um país que não estava preparado para isso e nós, a comunidade internacional, provavelmente não estávamos preparados para o tipo de crise que encaramos”, detalhou.

Diante do momento de superação, ressaltou os esforços “fenomenais” das autoridades locais na busca e resgate de sobreviventes e a demonstração de solidariedade da comunidade internacional.

“Qualquer país que enfrentar o que ocorreu nesses últimos cinco dias estará em mal estado. As pessoas nesta cidade estão realmente sofrendo, lutando. O que não vemos, na minha opinião, é o mais importante”, disse em alusão às regiões mais afastadas da capital.

Passado o quinto dia do terremoto, McGoldrick considera “essencial” levar a ajuda da capital e “toda a pressão, toda a discussão, todos os recursos aonde necessitam, que é fora de Katmandu, nos distritos do epicentro do terremoto”.

Nos últimos dias foi cogitada a possibilidade de haver mais de dez mil mortos e milhões de desabrigados devido ao tremor.

“Não vamos falar de números agora, apenas para planejar, porque os números reais só aparecerão quando chegarmos às pessoas que sofrem”, concluiu. EFE

jlp/vnm

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