ONU acredita que fim da fome está “muito perto”, mas requer compromisso

  • Por Agencia EFE
  • 27/05/2015 12h23

Roma, 27 mai (EFE).- A Organização das Nações Unidas (ONU) considerou nesta quarta-feira em Roma que é possível erradicar a fome, mas pediu compromisso político e social para isso, já que o mundo ainda tem quase 800 milhões de pessoas nesta condição.

De acordo com o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), José Graziano da Silva, eliminar a fome é um objetivo “muito perto” de ser alcançado e pediu compromisso político para tanto.

“Estamos muito perto, mas infelizmente não alcançamos a meta para 2015”, disse Silva na apresentação do relatório sobre o estado da insegurança alimentar divulgado pela FAO, o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA), todos com sede na capital italiana.

O texto revela que a meta de reduzir à metade a proporção de pessoas que passam fome está a ponto de ser cumprida, mas 795 milhões de pessoas continuam desnutridas, número que diminuiu em 167 milhões na última década.

“A mensagem principal e mais importante é que dos 129 países em desenvolvimento, 72 já alcançaram esse Objetivo do Milênio. Podemos erradicar a fome”, declarou Silva, que destacou a necessidade de desenvolver “políticas ativas”.

Segundo ele, à vontade política é fundamental para explicar a redução da fome nestes países, embora também tenha apontado o compromisso social, já que “é a sociedade que quer erradicar a fome e a que leva isso como a grande prioridade”.

As agências da ONU destacaram que um fator-chave para a luta contra a desnutrição é o crescimento econômico inclusivo, com novas oportunidades de desenvolvimento para os pobres. Neste sentido, Silva destacou a necessidade de “empregos decentes” e “políticas ativas”, especialmente nas áreas rurais, porque “o crescimento por si só não resolve a pobreza nem a fome”.

“É muito importante que os países menos desenvolvidos chamem à comunidade internacional para auxiliar na superação dos problemas persistentes”, sentenciou Silva, que ressaltou que a ajuda internacional atualmente “se concentra em enfrentar emergências”.

“Não podemos atuar somente para aliviar os primeiros problemas após um desastre. O objetivo da ajuda internacional é criar resiliência”, criticou.

Ele acrescentou que a crise, que afetou “fortemente” os países desenvolvidos, também atingiu os que estão em vias de desenvolvimento.

A vice-presidente do Fida, Josefina Stubbs, insistiu na importância do desenvolvimento agrícola para avançar, porque “3/4 das pessoas pobres e famintas estão em áreas rurais”. Estas regiões necessitam de “inclusão” para que a população possa “contribuir para a segurança alimentar, que será alcançada quando houver acesso aos mercados e apoio financeiro”.

O diretor da área de Programas e Políticas do PMA, Stanlake Samkange, defendeu a proteção alcançada e a manutenção da determinação “para avançar nos trabalhos ainda não completados”.

O relatório sustenta que por áreas, a América Latina, o Cáucaso, as regiões do sudeste, leste e centro da Ásia e as do norte e o oeste da África conseguiram alcançar o objetivo por seu rápido progresso em reduzir a desnutrição.

No entanto, os avanços foram mais lentos no Caribe, na Oceania, no sudeste asiático e no sul e no leste da África, enquanto a fome aumentou no centro da África e no oeste da Ásia. Atualmente, o sul da Ásia concentra o maior número de pessoas desnutridas, 281 milhões, enquanto na África Subsaariana 23,2% da população passa fome. EFE

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