ONU afirma que Bashar al Assad deve ser parte de solução política na Síria

  • Por Agencia EFE
  • 13/02/2015 15h50

Viena, 13 fev (EFE).- O enviado especial da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, assegurou nesta sexta-feira que qualquer solução pacífica à guerra na Síria deve incluir o presidente do país, Bashar al Assad, com quem mantém conversas a respeito.

Depois de se reunir com o ministro das Relações Exteriores austríaco, Sebastian Kurz, De Mistura disse à imprensa em Viena que Assad é parte da solução política que se está buscando.

“Eu seguirei tendo conversas importantes com ele”, ressaltou.

Após se recusar a comentar sobre possíveis alianças da milícia libanesa xiita Hezbollah com o regime de Damasco, De Mistura ressaltou que uma solução militar não é possível e que, se os enfrentamentos armados se prolongarem, a Síria se arrisca a ficar completamente destruída não só como nação, mas também culturalmente.

“Vejo que não há nenhuma solução militar. A guerra já dura quatro anos e nada mudou com estes meios”, insistiu o enviado da ONU, que acaba de fazer uma visita de três dias a Damasco.

“Se isto seguir assim, a única parte que tira proveito é o EI (o grupo extremista Estado islâmico, que dominou área da Síria e do Iraque). Quase parece que um monstro estava esperando a guerra para apoderar-se de tudo depois”, advertiu o diplomata ítalo-sueco.

Neste contexto, De Mistura insistiu na responsabilidade decisiva que Assad também tem para pôr fim à violência em seu país.

Por sua parte, Kurz alertou para a drástica piora da situação causada pelo terrorismo do EI e seu convencimento de que a Europa também deve atuar firmemente contra os jihadistas.

O chefe da diplomacia austríaca concordou com o enviado da ONU na inclusão do presidente sírio em uma solução negociada, sem que Assad chegue a ser parceiro da Áustria.

“Estamos na situação especial de ter de lutar juntos contra o EI. Mas Assad não poderá ser nunca um amigo ou um parceiro. Neste aspecto, não vejo necessidade de revisar nossa posição”, ressaltou o ministro.

Ambos diplomatas destacaram, além disso, a urgente necessidade de enviar mais ajuda e apoio à população civil na Síria.

“É fundamental. Tudo o que a população deseja é que os combates acabem finalmente. Mas veem que, por enquanto, não há solução”, lamentou De Mistura.

O emissário da ONU se reuniu com Assad em Damasco na terça-feira passada, quando o líder sírio reiterou sua disposição a apoiar qualquer proposta para acabar com a guerra.

Uma fonte oficial disse então à Agência Efe que Assad manifestou “a disposição da Síria de respaldar qualquer iniciativa ou ideia que contribuam para solucionar a crise e proteger as vidas dos cidadãos e instituições do Estado”.

Alguns dias antes, em Madri, De Mistura advertiu que “é preciso que não haja condições prévias” para conseguir uma saída política do conflito, após reunir-se com o ministro das Relações Exteriores espanhol, José Manuel García-Margallo.

O emissário da ONU ressaltou nessa ocasião que qualquer movimento ou iniciativa que provenha da Rússia com o objetivo de influir em Damasco será “bem-vinda” e que a participação do Irã em uma solução pacífica seria “essencial”.

Uma fórmula de paz sem Teerã “não seria uma boa ideia, pelo contrário”, advertiu. EFE

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