ONU completa 70 anos com sucessos indiscutíveis e dolorosos fracassos

  • Por Agencia EFE
  • 23/06/2015 16h45

Mario Villar.

Nações Unidas, 23 jun (EFE).- Sucessos indiscutíveis e fracassos com consequências dramáticas marcam a história da ONU, que neste mês lembra o 70° aniversário de sua carta de fundação frustrada por conflitos como os da Síria e com grandes esperanças colocadas na luta contra a pobreza e a mudança climática.

Criada em um planeta recém-saído da Segunda Guerra Mundial, as Nações Unidas conseguiram o que então era seu objetivo número um: evitar uma nova disputa desse calibre.

No entanto, dezenas de conflitos seguiram sacudindo o mundo e, muitos deles, deixaram patente a incapacidade da ONU para encontrar soluções e proteger os civis.

Primeiro limitada pela Guerra Fria, a organização foi incapaz de atuar perante guerras como a do Vietnã, genocídios como o do Khmer Vermelho no Camboja e para solucionar o conflito do Oriente Médio.

Após a queda do Muro de Berlim, a ONU multiplicou suas operações de paz, mas em várias ocasiões fracassou estrondosamente em sua tentativa de proteger a população dos horrores da guerra.

Entre essas manchas destacam-se, entre outras, o massacre de Srebrenica em 1995, no qual milhares de muçulmanos foram assassinados perante a inoperância dos “capacetes azuis” desdobrados na Bósnia, e o genocídio ruandês, no qual 800 mil pessoas foram massacradas enquanto a ONU, ao invés de intervir, retirava suas forças do país.

“No espaço de uma geração, a vergonha ainda não foi apagada”, admitiu em 2014, 20 anos depois, o secretário-geral, Ban Ki-moon, sobre esse episódio.

Mais recentemente, conflitos como os do Sri Lanka, Somália e Darfur, com milhares de mortos, e a incapacidade para impedir a invasão do Iraque, entre outros, puseram sobre a mesa os problemas da ONU na hora de responder antes da crise e às limitações de sua estrutura.

Atualmente, a guerra na Síria, onde a divisão no Conselho de Segurança impediu sua atuação, simboliza melhor do que nenhuma outra coisa a impotência da organização.

Frente a esse histórico negativo, as Nações Unidas podem pôr sobre a mesa toda uma bateria de sucessos na manutenção da paz: mais de uma centena de acordos para resolver conflitos, diálogo para evitar outros e bem-sucedidas operações em países como Líbano, Moçambique e Chipre.

Também é considerado positivo o balanço da não-proliferação nuclear, pois, apesar de o número de países com capacidade atômica não ter se reduzido, através da ONU foi limitada sua propagação e seu uso.

Mas os sucessos mais indiscutíveis da ONU estão em outras áreas como o desenvolvimento humano, ao qual a organização dedicou bilhões de dólares com alguns resultados espetaculares nas últimas décadas.

Por exemplo: entre 1990 e 2010, o mundo reduziu à metade o número de pessoas que vivem na extrema pobreza, cumprindo com cinco anos de antecipação o primeiro dos Objetivos do Milênio pactuados pela ONU no ano 2000.

A fome no mundo e a mortalidade infantil também foram cortadas de maneira substancial, enquanto o acesso à educação e à água não deixou de crescer.

As Nações Unidas também combateram, com sucesso, doenças como a malária, a aids e, nos últimos meses, o ebola, ao mesmo tempo que a organização impulsionou os direitos da mulher e a saúde reprodutiva.

E, precisamente no ano de seu 70° aniversário, a organização espera demonstrar que segue em boa forma e fazer vingar dois grandes acordos que considera fundamentais para o futuro do mundo: um novo pacto global em favor do desenvolvimento e um compromisso vinculativo para conter a mudança climática. EFE

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