ONU denuncia alto nível de sofisticação de violência sexual no Oriente Médio

  • Por Agencia EFE
  • 14/05/2015 03h47
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Nações Unidas, 7 mai (EFE).- A representante especial da ONU para a Violência Sexual em Conflitos, Zainab Hawa Bangura, denunciou nesta quinta-feira o “alto nível de sofisticação” da violência sexual no Oriente Médio, após sua viagem de duas semanas a Síria, Iraque, Turquia e Líbano.

Bangura assegurou que a violência sexual é cometida “estrategicamente de maneira ampla e sistemática” na região, não só nas áreas de conflito, mas também nas passagens de fronteira e postos de controle.

Para ilustrar o tema, Bangura contou a história de uma jovem de 21 anos que tinha sido obrigada a casar-se 22 vezes nos últimos quatro anos. “Em cada uma das vezes teve que reconstruir sua virgindade por meio de cirurgia”, relatou.

Além disso, voltou a insistir sobre o vínculo entre os grupos terroristas e o abuso sexual e disse que o Estado Islâmico (EI) “está institucionalizando a violência sexual, que é parte de sua ideologia”.

“Eles utilizam (a violência sexual) como uma tática de terrorismo, incluindo o acesso a mulheres e meninas como promessa para seus soldados”, acrescentou.

Bangura, que esteve no Oriente Médio de 16 a 29 de abril, pediu que se atribua “responsabilidades” sobre estes crimes, especialmente em um marco legal confuso, uma vez que, segundo seus dados, entre 27.000 e 40.000 membros do EI são estrangeiros.

“É preciso definir em que jurisdição serão julgados e presos”, opinou.

Bangura insistiu também em sua recomendação ao Conselho de Segurança, principal órgão de decisão da ONU, para que o comitê de sanções considere em suas medidas contra Al Qaeda os crimes sexuais que deixa em seu caminho.

Além disso, denunciou que Gaza é um lugar no qual as mulheres estão “literalmente nuas” e chamou a atenção para a crise de refugiados em toda a região do Oriente Médio, especialmente por causa da guerra na Síria.

“Nos países com muitos refugiados, as mulheres também estão em risco de violência sexual e exploração para a prostituição”, comentou.

Por fim, Bangura pediu uma “resposta política” para regularizar a situação das crianças nascidas nestes campos de refugiados (muitos deles fruto de estupros), que em muitos casos ficam em um limbo legal e de nacionalidade. EFE

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