ONU denuncia aumento de ataques global contra profissionais de saúde

  • Por Agencia EFE
  • 21/05/2014 14h55

Genebra, 21 mai (EFE).- Os ataques contra hospitais, ambulâncias e funcionários do setor de saúde estão aumentando como “nunca antes”, e chegam a centenas em muitos países, denunciaram nesta quarta-feira autoridades da ONU e da OMS.

O fornecimento de atendimento médico essencial para salvar feridos e doentes está “sob ataque como nunca antes” e os atentados “são um problema crescente em todas as regiões e contextos”, reclamou a diretora-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Margaret Chan.

A funcionária participou hoje de um evento organizado na Assembleia Mundial da Saúde -com a participação de ministros e autoridades sanitárias de 194 países- para pôr em evidência o aumento constante desses ataques.

“Isto ocorre durante tempos de paz e de guerra e são violações do direito humanitário internacional. É uma situação totalmente inaceitável”, criticou Chan.

“Os funcionários, as ambulâncias e as instalações devem ser respeitadas e protegidos em todas as circunstâncias e os feridos atendidos sem discriminação”, acrescentou.

A coordenadora do socorro humanitário da ONU, Valerie Amos, disse que apenas desde janeiro morreram por ataques na Síria 47 profissionais da saúde, e que em três anos de conflito armado neste país houve pelo menos 146 situações de violência grave contra hospitais e outros estabelecimentos sanitários.

De maneira mais geral, Amos se referiu a 1.800 incidentes relacionados com pacientes, trabalhadores sanitários, ambulâncias e instalações médicas ocorridos em 23 países desde o início de 2011 a dezembro do ano passado.

Nesse período, 160 profissionais da saúde foram assassinados, 260 feridos, 560 sequestrados ou detidos e 210 ameaçados gravemente, enquanto houve ataques e saques contra 410 hospitais e 450 casos de violência ou interrupção do trajeto de ambulâncias.

Uma mudança de paradigma que se observa nas situações de conflito é que agora as atividades humanitárias, incluídas as relacionadas aos serviços médicos, são vistas como alvos militares legítimos, o que aumenta o risco para os profissionais do setor.

Além disso, há uma “politização” dos assuntos relacionados ao atendimento em situações de conflito, acrescentou Amos.

O presidente do Comitê da Cruz Vermelha Internacional (CICV), Peter Maurer, afirmou que, além das agressões diretas, sua instituição documentou múltiplos ataques indiretos, como obstáculos à passagem de ambulâncias em postos de controle, a negação de acesso aos feridos, o saque de hospitais, violência sexual e ameaças contra seus trabalhadores.

“Em 90% de casos, os afetado são funcionários locais”, acrescentou. EFE

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