ONU diz que catástrofe humanitária na RCA tem “proporções inexplicáveis”

  • Por Agencia EFE
  • 12/02/2014 18h02
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Nações Unidas, 12 fev (EFE).- A ONU advertiu nesta quarta-feira que a situação na República Centro-Africana (RCA) se transformou em uma catástrofe humanitária de “proporções inexplicáveis” e pediu que a comunidade internacional aumente as tropas no terreno, dando a mesma atenção que a outros conflitos internacionais, como Síria e Sudão do Sul.

“Fui testemunha de uma catástrofe humanitária de proporções inexplicáveis. As limpezas etnoreligiosas maciças e os massacres e assassinatos indiscriminados continuam”, disse em mensagem o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados, António Guterres.

Ao término da visita ao país, o diplomata português disse que é “imperativo, uma prioridade urgente” restabelecer a segurança, a lei e a ordem, após denunciar que a violência se caracterizou por uma brutalidade “desumana e impactante”.

“Estou profundamente consternado porque desde dezembro há quase meio milhão de novos deslocados, e no total, 2,5 milhões de pessoas precisam desesperadamente de ajuda”, disse o Alto Comissariado da ONU para os Refugiados.

Após destacar que as agências humanitárias e as ONGs estão fazendo um trabalho “excepcional” para ajudar as vítimas da crise, o alto comissário disse que enfrentam uma falta de fundos “dramática”.

“A República Centro-Africana caiu no esquecimento da comunidade internacional e não podemos permitir que isso ocorra. O país precisa da mesma atenção que está sendo dada à Síria e ao Sudão do Sul”, criticou.

O responsável das Nações Unidas afirmou que, apesar do novo presidente, Catherine Samba Panza, e da formação de um novo governo, as autoridades no país africano não podem proteger de maneira “efetiva” seus cidadãos.

“Dezenas de milhares de pessoas fugiram do país em busca de refúgio e muitos outros continuam presos sem saber para onde ir”, disse Guterres, que detalhou que só em Bangui, a capital, milhares de pessoas “vivem em guetos em condições graves”.

Diante da gravidade da situação, o principal responsável do Acnur fez uma chamada à comunidade internacional para deixar a um lado as diferenças e aumentar de maneira “significativa e imediata” as forças militares e policiais no país africano.

O pedido de Guterres se soma ao lançado um dia antes pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, que pediu à comunidade internacional o desdobramento de mais tropas para frear a crise vivida na RCA.

O porta-voz da ONU disse hoje que Guterres também pediu a todas as partes no país africano que promovam a mediação e aplanem o caminho para restaurar a paz e promover uma reconciliação duradoura, com o apoio dos líderes religiosos.

O país centro-africano sofre uma espiral de violência protagonizada por facções armadas de diferentes religiões, bandidos e uma população que está, em sua maioria, na extrema pobreza.

A capital, Bangui, foi tomada em março do ano passado pelos rebeldes de Seleka, que assumiram o poder no país após a fuga do presidente derrubado François Bozize, atualmente refugiado em Camarões.

A coalizão Seleka, composta por quatro grupos rebeldes, pegou em armas no norte do país em dezembro de 2012, por considerar que Bozizé não tinha respeitado os acordos de paz assinados em 2007.

Mas os rebeldes de Seleka são de maioria muçulmana, dentro de uma população essencialmente católica, o que tem feito o conflito no país africano adquirir tintas religiosas. EFE

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