ONU pede acesso humanitário para ajudar a desesperada população iemenita

  • Por Agencia EFE
  • 10/04/2015 09h52

Genebra, 10 abr (EFE).- As Nações Unidas estão prontas para entrar no Iêmen e distribuir ajuda humanitária, mas para isso necessita permissão de acesso ao país por ar e por mar, algo que por enquanto não consegue por causa dos combates e da incapacidade das partes envolvidas de assegurar tréguas parciais.

“Estamos afirmando insistentemente que necessitamos acesso, espaço e tempo para poder entrar e ajudar”, disse em entrevista coletiva em Genebra (Suíça) Johannes Van Der Klaauw, responsável no Iêmen do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação Humanitária (OCHA).

“O problema é que para conseguir o acesso precisamos falar com quatro envolvidos: a direção da coalizão em Riad, os representantes no terreno, o governo e os rebeldes, e isso não é fácil”, explicou.

Klaauw afirmou ainda que um dos principais problemas é que as infraestruturas portuárias e aeroportuárias “mudam de mãos” em questão de dias, e por isso é muito difícil negociar com quem as controlam.

Atualmente, 15 dos 22 protetorados do país estão envolvidos no conflito “e milhões de pessoas lutam para sobreviver”, acrescentou o coordenador humanitário.

Klaauw ressaltou que antes do conflito o Iêmen já era o país mais pobre da região.

Duas semanas depois da coalizão árabe liderada pela Arábia Saudita declarar guerra aos rebeldes houthis do Iêmen a situação se deteriorou consideravelmente no terreno, e a ONU teme uma catástrofe.

Por enquanto, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos 648 pessoas morreram e 2.191 ficaram feridas, números consideravelmente mais baixos que os fornecidos pelo exército iemenita, que ontem cifrou em mais de mil os mortos e de 15 mil feridos desde que a ofensiva começou.

Ahmad Shadoul, representante da OMS no Iêmen, disse que um os principais problemas para ajudar os feridos é a falta de combustível para as ambulâncias.

Shadoul alertou que a qualquer momento podem surgir doenças transmissíveis por causa da insalubridade e a falta de higiene provocada pela destruição causada pelos combates, como sarampo e diarreia.

O responsável da OCHA classificou como “catastrófica” a situação em Áden, a segunda maior cidade do país, “onde mais de um milhão de pessoas podem ficar sem água potável nos próximos dias por causa da falta de combustível”.

Por sua parte, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) informou que até o momento foram registrados 900 refugiados que chegaram ao Chifre da África procedentes do Iêmen.

“Quem conseguiu atravessar de novo para a África nos diz que há muitos mais tentando fugir, o que é impossível por causa da falta de combustível e os preços estratosféricos impostos pelos donos dos navios”, acrescentou Adrian Edwards, porta-voz do Acnur.

A Organização Internacional das Migrações (OIM) disse hoje que o número de pessoas que retornaram para o Chifre da África é de 4.909.

Historicamente, esta rota era usada pelos refugiados e imigrantes em sentido oposto, do nordeste da África em direção ao Iêmen, de onde os refugiados partiam para as ricas nações da Península Arábica.

No entanto, Edwards alertou que apesar do conflito “milhares” de africanos, especialmente somalis e etíopes, seguem cruzando diariamente o Chifre da África em direção ao Iêmen, “talvez porque não conhecem a situação ou porque estão sob poder de traficantes que os obrigam a prosseguir viagem”.

No interior do Iêmen vivem 250 mil refugiados -a maioria deles somalis, e em menor proporção eritreus, etíopes, iraquianos e sírios.

Além disso, existem 330 mil iemenitas deslocados internos por causa das diferentes ondas de violência que assolaram a nação no passado. EFE

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