ONU pede mais transparência ao governo e Samarco com vítimas de Mariana

O grupo de analistas da ONU sobre Negócios e Direitos Humanos criticou, nesta quinta-feira (16), a gestão das autoridades do Brasil, bem como da empresa mineira Samarco, pelo vazamento de lama contaminada após a ruptura de uma barragem em Mariana, Minas Gerais, e pediu mais transparência com as vítimas no futuro.
Após sua visita ao País, em dezembro de 2015, os analistas apresentaram ao Conselho de Direitos Humanos seu relatório, no qual explicam que os erros de comunicação e prevenção cometidos pela companhia, tal qual a má gestão das autoridades após o desastre, fez com que a população não acredite nas informações e diligências divulgadas.
Além disso, os agentes condenam a atitude da empresa, que demorou duas semanas em advertir sobre o estado de outras infraestruturas e em admitir os erros em seu plano de contingência, “se a Samarco tivesse avisado com tempo suficiente, isto teria permitido às pessoas salvarem seus pertences e, acima de tudo, suas próprias vidas”, sublinham especialistas.
A catástrofe da mina, no Vale do rio Doce, provocou a morte de 18 pessoas e afetou outras 3,2 milhões que dependiam da subsistência das águas da bacia hidrográfica onde foram lançados os resíduos mineiros.
O governo brasileiro qualificou a catástrofe como “o pior registrado no mundo na última década pela ruptura de diques”.
O documento acusa as autoridades de negligência também no saneamento, “(Os afetados) não confiam quando a Samarco informa que não ficaram resíduos tóxicos e que a água pode ser bebida graças aos depuradores provisórios instalados”.
Por isso, a ONU considera que a estatal Vale, concessionária da Samarco, tem que ser mais transparente com os afetados para restaurar sua confiança, além de atender melhor os que solicitam mais explicações ou esclarecimentos, aconselhando a empresa a criar “um espaço no qual as pessoas, incluídos os ex-empregados, possam expressar seus medos e preocupações sem temer represálias”.
Por outro lado, dada a magnitude do desastre, os especialistas consideram que a atuação das autoridades federais e estaduais foi insuficiente.
Apesar do responsável por reparar o dano ser a empresa causadora, o Governo Federal é, para o grupo “o encarregado de defender os direitos humanos das comunidades afetadas, devendo estes ter proporcionado uma maior informação sobre o processo de reassentamento e de compensação”, assinalam.
Por fim, em nome da ONU, os peritos manifestam sua preocupação pela limitada capacidade dos governantes para realizar inspeções de segurança em todas as barragens do estado de Minas Gerais e de todo o Brasil que garantam que esta tragédia “não volte a suceder”.
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