ONU “preocupada” por legalização da maconha em cinco regiões dos EUA
Viena, 3 mar (EFE).- O organismo das Nações Unidas encarregado do controle de drogas expressou “preocupação” pela legalização da maconha em cinco regiões dos Estados Unidos e afirmou que a iniciativa é contrária aos tratados internacionais de drogas.
Em seu relatório de 2014, publicado nesta terça-feira, a Junta Internacional de Fiscalização de Entorpecentes (Jife) disse que a Convenção sobre Drogas, de 1961, “é estritamente vinculativa e não está submissa a uma interpretação flexível”.
Desta forma, o tratado exige que os Estados partes deverão “cumprir as disposições da presente Convenção em seus respectivos territórios”, segundo a Jife.
“Essa disposição se aplica também aos Estados que têm uma estrutura federal”, afirmou a Junta, composta por treze especialistas em fiscalização de drogas.
Em Colorado e Washington já é possível comprar e consumir livremente maconha desde 2014, enquanto nos estados do Alasca e Oregon, assim como na capital, Washington (distrito de Columbia), foram aprovadas iniciativas populares para legalizar a maconha para uso recreativo.
As medidas “representam novos desafios para o cumprimento pelo governo dos EUA das suas obrigações em virtude dos tratados de fiscalização internacional de drogas”, de acordo com a Jife. O organismo afirmou que mantém um “diálogo construtivo” com o governo americano sobre o assunto.
Os tratados internacionais sobre drogas só estabelecem a liberalização da cannabis para uso médico e científico, proibindo seu consumo para fins recreativos.
A Junta informou ainda que observou no passado recente uma “alta” do uso indevido de heroína nos EUA.
“Os consumidores de drogas, viciados em opiáceos, recorrem cada vez mais à heroína, que normalmente é mais fácil de obter e mais barata que os opióides de venda com receita”, afirmou a Jife.
Além disso, afirmou que foi observado um “aumento considerável” da pureza da heroína nos Estados Unidos.
O organismo também indicou um aumento do consumo de maconha, de 11,5%, em 2011, para 12,1%, em 2012, o que está relacionado a “uma menor percepção do risco, especialmente por causa da legalização do uso da cannabis com fins não médicos em alguns estados”.
Não só o consumo da maconha e da heroína está aumentando, mas também o de metanfetaminas, cujas apreensões não param de crescer nos Estados Unidos, onde foram desmantelados, em 2012, quase 13 mil laboratórios para fabricar a substância.
Desde 2007 os preços da metanfetamina caíram 70%, enquanto a pureza das substâncias oferecidas no mercado subiram 130%, advertiu a Jife.
Já o consumo de cocaína está em baixa, sobretudo entre os jovens. A queda é um resultado da diminuição da oferta da droga devido a uma menor produção na Colômbia e ao aumento das apreensões no México, conclui a Jife.EFE
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