ONU pressiona países do mundo todo para que ajudem refugiados
Mario Villar.
Nações Unidas, 21 set (EFE).- A ONU aumentou nesta segunda-feira a pressão sobre os governos do mundo inteiro para que ajudem os refugiados que fogem da violência do Oriente Médio e da África, um dos assuntos que mais serão abordados nas reuniões dos líderes na Assembleia Geral da organização.
A uma semana da abertura dos debates, tanto o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, como o novo presidente da Assembleia, Mogens Lykketoft, pediram solidariedade e exigiram o cumprimento das normas internacionais a todos os Estados-membros.
“O mundo não vê uma crise humanitária global desta magnitude desde a Segunda Guerra Mundial e, com a aproximação do inverno no hemisfério norte, só vai piorar”, alertou Lykketoft em entrevista coletiva.
O político dinamarquês ressaltou que “está em jogo o futuro de milhões de mulheres, homens e crianças” e defendeu a necessidade de a comunidade internacional dar respostas “tangíveis” e trabalhar para implementar soluções duradouras.
“Buscar refúgio e asilo não é um crime”, disse Lykketoft, que lembrou aos países europeus que é preciso cumprir com suas obrigações diante da chegada dessas pessoas a suas fronteiras, mas que também encorajou outros governos a prestar socorro por se tratar de uma “crise global”.
Segundo Lykketoft, os países com mais recursos devem receber mais refugiados ou disponibilizar fundos para apoiá-los em outros lugares.
“Poderiam ser os dois. Dizer que não a ambas as coisas não é uma opção real”, disse o presidente da Assembleia Geral, que antecipou que insistirá para que os líderes tomem atitudes, e que abordará a questão na reunião que que fará nesta sexta-feira com o papa Francisco.
“Se continuarmos à toa e duvidando, estaremos falhando com aqueles que estamos encarregados de proteger”, comentou o dinamarquês sobre o trabalho das Nações Unidas em relação à crise.
Em linha similar, Ban Ki-moon se dirigiu por meio de seu porta-voz aos governos europeus – que nesta semana tentarão conseguir um acordo para dividir 120 mil refugiados – para pedir união.
O chefe da ONU se disse “extremamente preocupado pela situação em deterioração vivida por refugiados e migrantes que chegam à Europa”, citando a “falta de instalações de recepção adequadas, o crescente uso da detenção e a criminalização de imigrantes irregulares e litigantes de asilo”.
Por esses motivos, o diplomata sul-coreano pediu a todos os governos europeus que cumpram com suas obrigações internacionais e lembrou que todas as pessoas devem ser recebidas com dignidade e ter seus direitos humanos respeitados.
De Genebra, o presidente da comissão de investigação das Nações Unidas sobre o conflito na Síria, Paulo Sérgio Pinheiro, argumentou nesta segunda-feira que fugir de seu país é a única opção que resta aos sírios.
“A Síria foi destruída diante de nossos olhos. A nação entrou em colapso no campo de batalha mais caótico e mortífero do mundo. Os laços que mantinham a nação unida se desintegraram”, disse Pinheiro perante o Conselho de Direitos Humanos da ONU.
Para tentar responder à situação dos refugiados, Ban convocou para o próximo dia 30 uma reunião especial aproveitando a presença de muitos líderes em Nova York por causa da Assembleia Geral da entidade.
Os debates de alto nível na Assembleia começarão na próxima segunda-feira, em um dia que contará com os discursos do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama; o da Rússia, Vladimir Putin; o da China, Xi Jinping; e vários líderes latino-americanos, inclusive o cubano Raúl Castro, em sua primeira aparição no órgão.
Antes, a partir desta sexta-feira, líderes de todo o mundo estarão na sede da ONU para aprovar a nova agenda global de desenvolvimento em uma cúpula que será aberta pelo papa Francisco. EFE
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