Opep prevê leve redução da dependência do petróleo para 2040

  • Por Agencia EFE
  • 06/11/2014 12h58

Antonio Sánchez Solís

Viena, 6 nov (EFE).- O crescimento econômico mundial e o aumento do consumo nos países em desenvolvimento elevarão até 2040 em 22% a demanda por petróleo, a 111 milhões de barris por dia, mas a importância do recurso no mapa energético diminuirá devido a outros outros combustíveis fósseis.

Essa é a previsão a médio prazo apontada no relatório “Previsões Mundiais do Petróleo 2014”, emitido nesta quinta-feira em Viena pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), no qual se projeta um mundo em que os combustíveis fósseis continuarão a ser a principal fonte de energia.

“Os combustíveis fósseis continuarão tendo um papel principal na satisfação das necessidades energéticas do mundo no futuro”, afirma o documento da Opep.

O órgão argumenta essa necessidade indicando que até 2040 “a economia mundial duplicará seu tamanho, a população crescerá e a prosperidade se expandirá por todas partes”.

Em 2040, apesar do lento, mas constante, progresso das energias alternativas, o gás, o petróleo e o carvão continuarão cobrindo 78% das necessidades energéticas, apenas três pontos percentuais a menos que atualmente.

A importância do petróleo será reduzida com o aumento do uso do do gás e, em cerca de 25 anos, significará 24% das fontes de energia, contra os 32% atuais.

No que se refere ao gás, o relatório destaca como motivo para o aumento do fornecimento a extração de gás de xisto nos Estados Unidos, que está mudando o mapa energético.

Seu baixo preço deslocou o carvão como fonte de energia no país e impulsionou a exportação do carvão americano aos mercados europeus.

Embora o relatório insista na complexidade e nas incertezas que cabem a qualquer previsão, os cenários contemplados indicam que a economia mundial continuará a se recuperar gradualmente, apesar dos problemas de certos países.

A Opep prevê que a economia crescerá até 2040 com uma média anual de entre 3,1% e 3,9%. As economias dos países mais ricos, principalmente os Estados Unidos, manterão sua tendência de recuperação.

Também crescerão as economias emergentes, embora entre elas, a maior, China, verá uma desaceleração do excepcional índice de crescimento apresentado nas últimas décadas.

Na América Latina, a economia crescerá em média de 3,1% anuais até 2040, assinala o relatório do grupo petroleiro.

As previsões a médio prazo confirmam a tendência à redução do consumo de petróleo nos países mais ricos, que em 2040 queimarão um 17% menos petróleo que atualmente.

No resto do planeta, a demanda não deixará de crescer, sobretudo na China, que quase dobrará sua necessidade nos próximos 24 anos. Para 2040, o gigante asiático consumirá mais que a Europa Ocidental e os países ricos da Ásia juntos.

A respeito do preço, a Opep revela que em 2015 seu barril de referência (cotado abaixo dos US$ 80) alcançará um valor de US$ 105 o barril, embora cinco anos depois deverá cair para US$ 95.

A médio prazo, até o ano 2040, a Opep prevê uma lenta evolução em até US$ 101,1 por barril, considerando a inflação.

Por setores, o transporte continuará sendo a atividade que mais consome petróleo cru em nível global, embora nos países ricos essa porcentagem diminua significativamente a favor da indústria.

Sobre a oferta, a Opep continua sendo cética sobre se será possível manter a longo prazo os atuais níveis de extração de gás de xisto – que colocaram os EUA como principal produtor do planeta – devido a problemas ambientais e os custos da operação.

A Opep prevê que os EUA e o Canadá elevem o ritmo de extração até 2030, data a partir da qual é apontada uma queda da produção. A América Latina, sem contar com Venezuela e Equador, praticamente duplicará até 2040 sua capacidade de extração.

Em cálculos sobre a evolução do mercado petroleiro, a Opep analisa diferentes elementos, desde o crescente uso de automóvel nos países em desenvolvimento, o impacto das políticas contra a mudança climática e o uso de fontes de energia alternativas. EFE

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