Operação da PF derruba ações de alimentos e Bovespa cai 2,39%
A operação da Polícia Federal em empresas do setor alimentício foi o principal fato gerador da queda de 2,39% do Índice Bovespa, que terminou nesta sexta-feira, 17, em 64.209,39 pontos. O cenário internacional também contribuiu para as ordens de venda, com a influência negativa dos índices setoriais e de commodities das bolsas de Nova York. O volume de negócios na bolsa brasileira somou R$ 12,3 bilhões, bem acima da média diária de março (R$ 7,7 bilhões).
A Operação Carne Fraca atingiu diretamente as ações da JBS e da BRF e teve efeitos secundários nos papéis do setor financeiro, em parte responsável pelo financiamento das empresas investigadas por irregularidades e pagamento de propinas. A notícia pegou investidores de surpresa e gerou um movimento de zeragem de posições, que aprofundou o viés de baixa. Na mínima do dia, o Ibovespa chegou aos 64.152 pontos (-2,48%).
Anunciada como a maior operação já realizada pela Polícia Federal, a Carne Fraca mobilizou 1.100 policiais em mandados de prisão e condução coercitiva. A operação, cujo objetivo é combater a corrupção de agentes públicos federais e crimes contra a saúde pública, prendeu executivos do frigorífico JBS pela manhã. A ação também envolveu partidos políticos, como o PMDB, legenda do presidente Michel Temer. O ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR), foi flagrado em conversa com o fiscal agropecuário Daniel Gonçalves Filho, um dos alvos da investigação. No entanto, não é considerado suspeito.
Como resultado do principal fato do dia, as ações ordinárias do frigorífico JBS terminaram o dia em queda de 10,59%, liderando as perdas do Ibovespa. Em seguida vieram os papéis da BRF, com recuo de 7,25%. Outras ações do setor de carnes também foram afetadas. Marfrig ON teve baixa de 2,10% e Minerva ON perdeu 2,04%.
Apesar da forte correção na bolsa, o “bom comportamento” dos mercados de câmbio e juros foi apontado como um importante contraponto no cenário. A queda de dólar e juros, segundo analistas, mostrou que não houve indício de forte aversão ao risco.
As ações da Petrobras e da Vale também deram sua contribuição na queda da bolsa. A queda de 0,3% do preço do minério de ferro no mercado à vista chinês, aliada à queda dos índices de metais, favoreceu o recuo de 3,78% (ON) e de 3,05% (PNA) dos papéis da Vale. As ações da Petrobras refletiram o risco político e a instabilidade dos preços da commodity ao longo do dia. Terminaram o pregão com perdas de 3,69% (ON) e 4,01% (PN).
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