Oposição critica Mujica por dizer que uruguaios não são “trabalhadores duros”
Montevidéu, 14 mai (EFE).- A oposição do Uruguai, junto com dirigentes sindicais e empresariais, criticou nesta quarta-feira o presidente José Mujica por ter dito em um discurso perante possíveis investidores durante sua visita aos Estados Unidos que seus compatriotas não são “trabalhadores duros”.
Líderes de vários setores consideraram a afirmação “uma falta de respeito”, uma “licença poética de mau gosto” e “uma generalidade ruim para a maioria dos trabalhadores uruguaios”, entre outras qualificações.
“Não somos trabalhadores duros, somos mais ou menos. Não nos matamos muito para o trabalho, por tradição, por cultura, seja lá pelo que for”, disse o presidente em seu habitual tom franco perante 120 empresários convidados pela Câmara de Comércio dos Estados Unidos.
Mujica, que já tinha expressado a mesma ideia perante empresários espanhóis durante uma visita ao país em 2013, explicou que, apesar esse defeito, seu país é um lugar “decente” e muito sério para investir, com uma grande segurança jurídica e cidadã, autoridades que se respeitam e onde não existe corrupção.
O deputado Fitzgerald Cantero, do Partido Colorado (oposição), reagiu às palavras de Mujica, a quem acusou de ter “afã” para “chamar a atenção”.
“Seu comportamento pode parecer simpático para um presidente, mas não serve para os interesses do país”, comentou.
“Dizer que os uruguaios são preguiçosos é um falta de respeito a todos os que trabalham dia a dia pelo país. Não sei quais são os preguiçoso a que o presidente se refere, mas me surpreende que um governo que deu uma quantidade de subsídios sem pedir exigências em troca, fale de preguiçosos”, sentenciou o deputado.
Na comitiva que acompanha Mujica aos EUA, onde ficará até amanhã, muitos empresários não gostaram da declaração, que viram como contraproducente.
“É injusto falar de generalidades. Em algum momento vamos ter que falar com ele, porque se buscamos investimentos é um contrassenso”, disse à imprensa Javier Carrau, presidente da Câmara de Indústrias do Uruguai.
Por sua vez, no sindicato PIT-CNT, a dirigente Beatriz Fagián considerou que Mujica “pode dizer o que quiser”, mas no Uruguai “há muitos trabalhadores bons, e também ruins como em todos os lugares”. EFE
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