Oposição denuncia fraude nas eleições da Zâmbia

  • Por Agencia EFE
  • 20/01/2015 19h47

Lusaka, 20 jan (EFE).- O líder do Partido Unido para o Desenvolvimento Nacional (UPND), Hakainde Hichilema, acusou a Comissão Eleitoral da Zâmbia (ECZ) de comprometer as eleições presidenciais no país, realizadas nesta terça-feira por causa dos atrasos nas votações em algumas regiões.

Após votar, Hichilema explicou à imprensa que não havia cédulas em pelo menos quatro distritos e acusou a Comissão Eleitoral de responsabilidade direta, e que ela estaria conspirando a favor de Edgar Lungu, o candidato do partido do governo, Frente Patriótica (FP).

“Como pode ser que não tenha cédulas em Chavuma West, Mitete, Liuwa e Zambezi West (todas no oeste do país)?”, questionou o candidato da oposição em declarações citadas pelo jornal “Lusaka Times”.

A diretora da ECZ, Pricilla Isaacs, negou qualquer responsabilidade e garantiu que os atrasos se deveram ao mau estado das estradas e pontes da região, danificadas pela forte chuva que caiu nos últimos dias.

No meio da tarde, Isaacs reconheceu que a comissão precisou utilizar helicópteros da Força Aérea de Zâmbia para levar as cédulas às regiões afetadas e que até esse momento tinham chegado a 34 dos 72 colégios eleitorais afetados.

Isaacs garantiu à população dessas áreas que poderiam votar durante 12 horas, independentemente do horário em que os colégios fossem abertos.

À parte deste incidente, as votações aconteceram com normalidade em todo o país, e tanto os observadores internacionais como a polícia não registraram nenhum episódio de violência.

A tensão entre os partidários do PF e do UNPD cresceu nas últimas semanas, e chegou a haver enfrentamentos violentos que obrigaram as forças de segurança a intervir.

A apuração dos votos começou à medida que os colégios colégios eleitorais foram sendo fechados, e a ECZ pretendia começar a anunciar alguns resultados a partir das 23h (locais, 19h em Brasília), mas as fortes chuvas podem ter afetado também as comunicações, e o resultado oficial só será divulgado na sexta-feira.

Isaacs declarou que a Comissão Eleitoral cogitou mudar o sistema de envio dos resultados a Lusaka e usar o fax para evitar qualquer problema com o sistema digital que deveria ser utilizado.

Hichilema (UNPD) e Lungu (PF) são os dois principais favoritos a ganhar a eleição, adianta pela morte em outubro do presidente Michael Sata, que morreu em Londres após ser tratado para uma doença que nunca foi divulgada.

Em discurso dirigido à nação na noite de segunda-feira, o presidente interino, Guy Scott, pediu que os diferentes partidos aceitem os resultados eleitorais.

Horas antes do discurso, Hichilema se declarou vencedor das eleições e declarou que seu partido não aceitaria outro resultado que não seja a vitória. Mas muitos analistas apontam Lungu como vencedor por causa do grande apoio que ele tem nas áreas urbanas e no nordeste da Zâmbia, a região mais povoada do país.

Maior produtora de cobre da África, Zâmbia tem essa eleição como um momento decisivo para consolidar seu crescimento econômico e superar as tensões políticas geradas pela morte de Sata.

Embora o Fundo Monetário Internacional (FMI) considere que Zâmbia “tenha um potencial de crescimento alto”, o país precisa reduzir seu déficit e a pressão fiscal enquanto 60% de sua população continua abaixo do limite da pobreza. EFE

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