Oposição inicia protesto de 24 horas para pedir liberdade de presos políticos
Caracas, 4 abr (EFE).- Centenas de simpatizantes do partido opositor Vontade Popular (VP) e estudantes venezuelanos iniciaram nesta sexta-feira um protesto de 24 horas seguidas na praça Brión, no leste de Caracas, para exigir a libertação dos presos políticos.
Os líderes do VP tinham convocado para hoje uma passeata até a Corte Suprema de Justiça para pedir a libertação do líder opositor Leopoldo López e de estudantes nos protestos iniciados em 12 de fevereiro, mas decidiram permanecer na praça, cercada pela polícia.
Na concentração convocada na mesma praça onde em 18 de fevereiro López se entregou às autoridades, o líder do VP Freddy Guevara convocou os manifestantes a permanecerem lá até amanhã, após anunciar uma “nova modalidade de protesto”.
“(O povo) vai demonstrar quanto tempo está disposto a permanecer nas ruas”, disse o político ao convocar a “primeira jornada nacional de 24 horas seguidas” de protesto pacífico contra a prisão de López e dos prefeitos Daniel Ceballos e Enzo Escarano, todos militantes do VP, por supostamente instigar a violência.
Também em desagravo a María Corina Machado, dirigente opositora que perdeu o mandato de deputada por supostamente violar a Constituição ao aceitar representar o Panamá em uma sessão da OEA no dia 21 de março.
“Hoje é um dia no qual os venezuelanos mais uma vez nos damos conta de que não há justiça na Venezuela”, disse Lilian Tintori, esposa de López, a centenas de simpatizantes do VP e acompanhada por dirigentes de outros partidos políticos e líderes estudantis.
López foi acusado hoje formalmente pela Procuradoria dos crimes de instigação pública, formação de quadrilha, danos à propriedade e incêndio, os dois últimos como autor intelectual.
“Hoje, com a Constituição na mão, seguimos lutando e exigindo liberdade, liberdade para os presos políticos, a liberdade para os estudantes, liberdade a meu marido Leopoldo López”, afirmou.
Esta mulher, que se transformou em porta-voz de marido desde que foi recluso em uma prisão militar, disse que se mantém “forte” para “seguir lutando por seu país” e pela liberdade de López e os demais presos políticos.
“Estamos do lado correto da história”, disse Tintori, que lembrou os jovens que morreram nas últimas semanas “com tiros na cabeça” e receberam disparos de balas de chumbo.
López se entregou às autoridades em 18 de fevereiro em um grande protesto, após ter sido responsabilizado pelo presidente Nicolás Maduro dos confrontos ocorridos ao término de uma manifestação pacífica que em 12 de fevereiro acabou com três mortes.
O político pediu aos venezuelanos para se manifestarem nas ruas de maneira pacífica até conseguirem a saída de Maduro, a quem chamou de “ditador”, e abrir passagem a uma transição à democracia no país.
Desde então, a Venezuela vive uma onda de protestos antigovernamentais que, em algumas ocasiões, se tornaram violentos e deixaram um saldo de 39 mortos, 608 feridos e 2.285 detidos, dos quais quase 200 permanecem na prisão. EFE
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