Oposição japonesa atrasa reforma militar com moções de censura

  • Por Agencia EFE
  • 17/09/2015 21h19

Tóquio, 17 set (EFE).- Vários partidos da oposição no Japão apresentaram nesta quinta-feira perante o parlamento uma série de moções de censura contra o primeiro-ministro, Shinzo Abe, e seu Gabinete para atrasar a aprovação de uma polêmica reforma do Exército impulsionada por seu Executivo.

O principal bloco opositor, o Partido Democrático (PD), e outras quatro formações acordaram apresentar perante a câmara Baixa uma moção contra Abe e os membros de seu governo como último recurso para adiar a última e crucial votação da controversa legislação na câmara Alta.

No Senado, a oposição apresentou também com idêntico objetivo várias moções de censura a mais, entre as quais incluiu uma dirigida ao ministro da Defesa, Gen Nakatani.

No entanto, as iniciativas não deveriam prosperar dada a clara maioria que ostenta a coalizão governante do primeiro-ministro em ambas as câmaras e a princípio só atrasariam até amanhã a votação definitiva da reforma.

A nova legislação está destinada a dotar de um maior protagonismo as Forças de Autodefesa (Exército) japonesas, já que permitirá que elas defendam aliados se forem alvo de um ataque ou participarem de operações de segurança das Nações Unidas.

No entanto, muitos consideram que isto acaba com o pacifismo plasmado no artigo 9 da Constituição japonesa, que até agora só permitia ao país usar a força para se defender.

De fato, para aprovar a nova legislação, o governo de Abe aprovou no ano passado de maneira unilateral uma “reinterpretação” de dita cláusula.

O processo de reforma é rejeitado por mais da metade dos japoneses, segundo mostram as enquetes e as contínuas manifestações que ocorrem perante o parlamento há meses.

A oposição, que defende que a polêmica reforma não foi debatida em profundidade, apresentou hoje as moções de censura depois que um comitê parlamentar deu seu sinal verde para que o pacote de leis fosse submetido à votação definitiva na câmara Alta.

Antes de chegar a esse ponto, a sessão do comitê foi alvo de várias horas de caóticas discussões -raras vezes vistas no Japão- nas quais alguns chegaram a trocar socos.

Os cofrontos foram propícios por parlamentares opositores que bloquearam as entradas aos salões, cercaram os conferentes impedindo os outros de falarem e apresentaram uma moção para reprovar o proceder da câmara que acabou sendo rejeitado por maioria.

Ao mesmo tempo, milhares de manifestantes se amontoaram sob a intensa chuva de hoje perante o parlamento para protestar novamente contra este pacote legislativo que mantém fortemente divididos aos partidos políticos e a sociedade japonesa. EFE

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