Oposição pede revogação de acordo com Irã e questiona silêncio de Cristina

  • Por Agencia EFE
  • 19/01/2015 18h50
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Buenos Aires, 19 jan (EFE).- Líderes da oposição na Argentina reivindicaram nesta segunda-feira um pronunciamento da presidente Cristina Kirchner sobre a morte do promotor Alberto Nisman, e a revogação do acordo de entendimento com o Irã.

Nisman apareceu morto com um tiro na cabeça nesta segunda-feira em sua casa em Buenos Aires pouco antes da hora em que deveria comparecer ao parlamento argentino para dar detalhes e provas de sua denúncia contra a presidente, de acobertamento dos autores do atentado contra o centro judaico Amia em 1994.

“Todos estamos esperando as palavras da presidente”, ressaltou o deputado da União Cívica Radical e o ex-vice-presidente argentino Julio Cobos à imprensa.

O deputado da Frente Renovadora Sergio Massa considerou “imprescindível que todos aqueles que têm responsabilidade institucional se pronunciem sobre o fato”.

Após oito anos de investigações, Alberto Nisman denunciou Cristina na última quarta-feira por considerar que o memorando de entendimento aprovado em janeiro de 2013 com o Irã incluía um suposto acobertamento dos suspeitos do atentado contra a Amia em troca de relações comerciais e de petróleo por grãos em um contexto de crise energética na Argentina.

Nessa linha, Massa também pediu que sejam convocadas sessões extraordinárias no Congresso para denunciar e revogar esse memorando.

O acordo previa a revisão de toda a documentação da investigação judicial e a possibilidade de os suspeitos do ataque terrorista serem interrogados em solo iraniano.

O líder da Frente Renovadora cobrou da Corte Suprema argentina a tomada de “todas as medidas a fim de garantir a liberdade de trabalho” da promotoria responsável pelo caso Amia e do tribunal de Ariel Lijo, o magistrado a cargo da denúncia de Nisman contra Cristina e vários de seus colaboradores.

O deputado nacional solicitou aos presidentes de ambas as câmaras do Congresso a convocação a Comissão Bicameral de Inteligência “para encontrar resposta às sombras e dúvidas que estão permanentemente colocadas sobre estes temas”.

Os dirigentes opositores também tiveram um discurso comum sobre a necessidade de a Suprema Corte assumir a causa diante da “gravidade institucional” do caso.

A deputada Margarita Stolbizer também reivindicou que a corte coloque sob sua custódia três causas: a do atentado de 1994, as denúncias feitas semana passada por Nisman e a morte do promotor.

A legisladora da União Pró, Patricia Bullrich, leu no Congresso um documento onde a oposição pediu “que sejam tomadas as medidas necessárias e suficientes para preservar o funcionamento e a segurança da equipe conduzida por Nisman”.

Após a leitura do texto, a Frente de Esquerda, do deputado Néstor Pitrola, reivindicou que os “os arquivos de inteligência ligados ao caso Amia sejam abertos”.

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, autorizou nesta segunda-feira a quebra do sigilo do material de inteligência utilizado pelo promotor do “caso Amia”, Alberto Nisman, para denunciar a presidente pelo acobertamento de terroristas e revelar a identidade dos espiões também acusados.

Através de dois comunicados, o secretário de Inteligência do país, Óscar Parrilli, solicitou “a desclassificação da identidade, das ações, dos fatos e das circunstâncias correspondentes ao pessoal de inteligência” que surgiram a partir das intercepções telefônicas entregues por Nisman à Justiça.

Nisman, de 51 anos, estava desde 2004 à frente da Unidade Fiscal Especial de Investigação do Atentado contra a Associação Mutual Israelita Argentina (Amia), que deixou 85 mortos em 1994. EFE

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