Oposição se manifesta e todos rejeitam violência em protestos na Venezuela

  • Por Agencia EFE
  • 16/02/2014 21h02

José Luis Paniagua.

Caracas, 16 fev (EFE).- Milhares de opositores se voltaram a se manifestar neste domingo no leste de Caracas em meio a expressões tanto do governo como dos adversários do presidente Nicolás Maduro de rejeição à violência que nos últimos dias degenerou para atos de vandalismo.

Com a presença dos opositores María Corina Machado e do prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, e sem os líderes universitários que encabeçaram as manifestações desde quarta-feira, milhares de venezuelanos voltaram a sair às ruas contra à violência e em apoio ao dirigente Leopoldo López.

Após dias de manifestações, o ministro do Interior, Miguel Rodríguez Torres, informou hoje que das 120 pessoas que foram detidos por incidentes em todo o país, 14 ficaram presos.

Os que não foram libertados estão sendo processados pelo incêndio de veículos da polícia, pela agressão a funcionários e porte de armas de fogo na quarta-feira em uma manifestação de estudantes que acabou com três mortos e dezenas de feridos.

O governo acusou López de instigar esses confrontos e neste momento o dirigente da oposição tem uma ordem de captura contra ele.

Torres indicou que o governo entrou em contato com a família de López para garantir que ele terá todos os direitos para se apresentar para as autoridades.

O partido Vontade Popular, do político acusado, indicou paralelamente que soldados da direção geral Setorial de Contra-Inteligência Militar e a Guarda Nacional Bolivariana foram nesta noite tanto a casa do dirigente político como o de seus pais.

López é acusado de homicídio doloso, terrorismo, lesões graves, incêndio a edifício público, danos à propriedade pública, intimidação pública, instigação a delinquência e delito de associação, segundo a notificação do tribunal que ordenou sua captura.

O presidente, Nicolás Maduro, pediu ontem que López se entregue, e o chamou de “covarde” e “fascista”.

“Enviamos uma mensagem a Leopoldo López: todos os venezuelanos o acompanhamos. Se equivocam se acham que vamos deixar só Leopoldo, como também não deixaremos sós nossos estudantes, perseguidos, detidos e torturados”, afirmou Machado em resposta.

“Quando atacam, quando perseguem, quando ameaçam um lutador da democracia nos ameaçam e perseguem a todos”, acrescentou sobre López as centenas de pessoas que, se concentraram sob o sol perto de um dos parques mais representativos da capital.

Paralelamente à manifestação de hoje tanto do governo como da oposição se repetiram as expressões de repúdio contra os atos de violência que aconteceram novamente em Chacao, que só ontem deixou 17 feridos além de várias pessoas precisarem ser atendidas com sintomas de asfixia pelos gases.

Maduro afirmou que a Venezuela é vítima da violência de “grupos fascistas” que atacaram comércios e organismos públicos no leste de Caracas, e fizeram novos ataques ao canal do estado “VTV”.

O presidente venezuelano disse através do Twitter que a “Venezuela tem o direito e o dever de se defender destes grupos fascistas à margem da lei” e afirmou que derrotarão todos estes grupos.

A ministra de Comunicação, Delcy Rodríguez, também criticou categoricamente “as agressões” permanentes nos últimos dias ao canal oficial “VTV” e anunciou que informaram as autoridades para que comecem as investigações sobre os autores.

Rodríguez Torres afirmou que os protagonistas destes incidentes não são estudantes, já que não são jovens, se deslocam em motos de alta cilindrada e valor, impróprias para universitários.

O ministro acusou o líder opositor Henrique Capriles de não se preocupar “em proteger seus cidadãos” nem fazer uso de suas atribuições como governador de Miranda para sufocar estes protestos, ao afirmar que são de responsabilidade da Guarda Nacional.

“Escutei declarações há um momento do general Rodríguez Torres, e se tirarem os infiltrados e os violentos que mandam em Chacao, tenho certeza que a GN, nem a polícia Nacional, nem a polícia de Miranda farão falta e não será preciso nada”, respondeu Capriles.

Para o líder do partido Primeiro Justiça o governo de Maduro tem um plano para manter os protestos no país com infiltrados violentos com o objetivo de mascarar os verdadeiros problemas do país.

O opositor pediu aos estudantes que denunciem os infiltrados” para pôr o foco nos principais problemas do país” como a inflação, o desabastecimento e a insegurança e reiterou que é solidário com as reivindicações que tomam o país. EFE

jlp/cd

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