Oposição sul-sudanesa tacha de inconstitucional extensão do mandato de Kiir
Juba, 30 mar (EFE).- Cerca de 20 partidos opositores do Sudão do Sul qualificaram nesta segunda-feira de “anticonstitucional” a decisão do parlamento de prolongar por mais três anos o mandato do presidente, Salva Kiir, da Assembleia Legislativa e do governo.
Em comunicado conjunto, eles denunciaram que a lei promulgada pelo parlamento só procura a permanência no poder dos atuais legisladores e do chefe do Estado.
“Nenhum governo tem o direito constitucional de prolongar seu mandato”, denunciaram os partidos, que também pediram à realização de um diálogo nacional no qual participem forças políticas e organizações civis.
Este diálogo seria para elaborar um roteiro para conseguir a tranquilidade no país e formar um governo de transição de amplas bases cuja principal missão seria alcançar a paz.
Entre os partidos signatários destacam-se o Movimento Popular para a Libertação do Sudão-Mudança Democrática, a Conferência Popular, o Partido Comunista do Sudão do Sul, a Frente Democrática Unido e os Jovens Patrióticos.
No documento, os partidos destacaram que a paz é o único caminho para conseguir a estabilidade e realizar eleições que garantam a alternância pacífica no poder.
Nesse sentido, criticaram que se prolonguem os mandatos por três anos porque consideram suficientes para conseguir a paz os quatro meses que diminuem até julho, quando a Comissão Eleitoral tinha anunciado anteriormente que se realizariam as eleições.
No último dia 24, o parlamento sul-sudanês votou por maioria a favor de estender por outros três anos o mandato presidencial de Salva Kiir, do governo e do parlamento.
Segundo a Constituição provisória do Sudão do Sul, a atual legislatura deveria ter finalizada em julho de 2015, após cinco anos de governo resultante do pleito realizado em 2010, quando Kiir foi eleito líder do sul do Sudão, antes que ao ano seguinte fosse declarada a independência do país.
O presidente da comissão legislativa do parlamento, Deng Tiel Kur, justificou esta medida garantindo que o país “está vivendo uma guerra civil o que torna difícil realizar eleições gerais”.
O conflito político iniciado em dezembro de 2013 no Sudão do Sul entre o atual presidente Kiir, de etnia dinka, e o ex-vice-presidente Riek Machar, deposto um ano antes, logo derivou em um conflito étnico entre comunidades que se atacaram nos últimos meses. EFE
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