Oposição venezuelana denuncia que alunos são orientados a escrever para Obama
Caracas, 21 mar (EFE).- O partido venezuelano Vontade Popular (VP), do opositor Leopoldo López, denunciou neste sábado que as escolas públicas do país estão pedindo a seus estudantes que assinem cartas dirigidas ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, exigindo a revogação do decreto de sanções contra a Venezuela.
O coordenador do VP na cidade de Maturín, no leste do país, Reinaldo Narváez, afirmou que o Ministério da Educação da Venezuela enviou uma “ordem” na qual “solicita aos professores que orientem os estudantes a escrever cartas para o presidente dos EUA com o tema das sanções impostas a funcionários venezuelanos e solicitando a não intervenção do país”.
Narváez, cujas declarações foram divulgadas através de um comunicado do VP, opinou que “envolver crianças em temas de índole política atenta contra sua segurança e a estabilidade emocional”.
Segundo Narváez a suposta ordem entregue às escolas dessa cidade, e da qual não ofereceu detalhes, vai contra a legislação venezuelana de proteção aos menores de idade e que estabelece que “todas as crianças e adolescentes têm direito à liberdade de pensamento, consciência e religião”.
“Rejeitamos esse pedido, e com base no que estabelece a legislação, lembramos aos pais que a criação de nossos filhos corresponde somente a nós, e não ao narco-Estado, portanto, a decisão de como criar seus filhos depende só de vocês”, disse Narváez no texto.
Fundado por López, o político opositor preso há mais de um ano por sua suposta relação com a violência nos protestos antigovernamentais de 2014, o VP é um dos partidos mais críticos do governo venezuelano.
Na última quinta-feira, o governo do país sul-americano iniciou uma campanha mundial com o lema “Obama revogue o decreto já”, na qual pede ao presidente americano o fim da medida aprovada no início deste mês e pela qual declarou uma “emergência nacional” devido à “ameaça incomum e extraordinária” que a Venezuela representa para os Estados Unidos.
A campanha tem como objetivo recolher 10 milhões de assinaturas em diferentes pontos da Venezuela, assim como através do site www.obamaderogaeldecretoya.org.ve contra um decreto qualificado pelo líder venezuelano, Nicolás Maduro, como “o passo mais agressivo, injusto e nefasto que jamais foi dado contra a Venezuela”.
Maduro estima que esse número de assinaturas será alcançado antes de se encontrar com Obama durante a Cúpula da Américas, que acontecerá no Panamá, nos dias 10 e 11 de abril.
Até o momento, não há números oficiais do total de assinaturas recolhidas nos pontos estabelecidos. Já o site registrava até às 17h30 locais de hoje (19h de Brasília) mais de 31.200 assinaturas. EFE
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