Oposição venezuelana marcha em apoio a López e pede fim da greve de fome

  • Por Agencia EFE
  • 20/06/2015 21h28

Rubén Peña.

Caracas, 20 jun (EFE).- Dezenas de opositores marcharam neste sábado em Caracas em apoio às reivindicações pelas quais o político preso Leopoldo López completou hoje 27 dias em greve de fome, uma forma de protesto que tanto sua esposa, Lilian Tintori, como a Mesa da Unidade Democrática (MUD) pedem que seja abandonada.

De dois pontos da capital venezuelana partiram os manifestantes, que se concentraram em frente à estátua de José Martí, no leste da cidade, onde López se entregou às autoridades em fevereiro de 2014 após ser acusado de delitos relacionados com os protestos antigovernamentais do ano passado nesse país.

A manifestação foi liderada pelas esposas de López e do também opositor preso Daniel Ceballos – Tintori e Patricia Gutiérrez -, além de por um grupo de cidadãos também em greve de fome, entre eles deputados, estudantes e vereadores, em sua maioria próximos ao partido Vontade Popular (VP).

Também estiveram presentes Mitzy Capriles, esposa do prefeito metropolitano de Caracas, Antonio Ledezma, que está em prisão domiciliar após ser acusado de conspirar contra o governo do presidente Nicolás Maduro, e o secretário-executivo da MUD, Jesús Torrealba.

Os manifestantes respaldam os pedidos de López, que se mantém em greve de fome em sua cela na prisão de Ramo Verde, nos arredores de Caracas, para reivindicar que se fixe uma data para as eleições parlamentares previstas para este ano, e com observação internacional “qualificada”.

Além disso, pede a libertação dos detidos que a oposição venezuelana denomina como “presos políticos” e o “fim da repressão, perseguição e censura” no país.

Estas exigências foram feitas por López através de um vídeo, divulgado no último dia 23 de maio e gravado com um telefone celular, que em seguida lhe foi retirado e pelo que foi sancionado com três semanas sem visitas.

Torrealba ressaltou que López é “muito mais importante vivo” para a “luta” e pediu que ponha fim à greve.

“Eu me junto a seu pedido, vocês lhe pediram hoje que suspenda a greve, que Leopoldo termine a greve, porque é muito mais importante vivo para a luta, vivo para o futuro, vivo para a pátria, isso é muito importante”, declarou Torrealba aos manifestantes.

Além disso, o porta-voz da MUD, que aglutina os principais partidos políticos opositores, esclareceu que a coalizão não está “rogando” para que se fixe uma data para as eleições legislativas.

“Nós não estamos rogando nada, estamos exigindo com firmeza, com clareza, com luta, o direito dos venezuelanos a incluir-se, a sair pacificamente deste desastre. Isso é o principal”, bradou.

Lilian Tintori, esposa de López, agradeceu ao pedido dos simpatizantes opositores para que o político preso abandone a greve de fome como forma de protesto.

“Eu, como esposa de Leopoldo López, e sua mãe vamos hoje à prisão de Ramo Verde e lhe vamos pedir, mais uma vez, como fizemos no fim de semana passado, que suspenda a greve de fome”, contou.

Tintori garantiu que lhe “transmitirá a mensagem” de todos seus simpatizantes, já que, segundo disse, o governo venezuelano em 27 dias de greve “não deu uma demonstração de humanidade”.

A esposa de López também agradeceu à MUD por apoiar o líder opositor e somar-se à manifestação em respaldo a suas reivindicações.

“Me dói a barriga e o coração pensar que Leopoldo López se debilita a cada dia, que a cada dia que passa, nosso líder, o líder dos meus filhos, o líder da minha casa se debilita e o governo de Maduro não faz nada”, lamentou.

Se Maduro aparentemente não se compadece com a situação, não se pode dizer o mesmo do grupo de senadores brasileiros liderados por Aécio Neves (PSDB-MG) que tentou visitar os políticos presos na Venezuela na quinta-feira passada.

No entanto, o tucano e seus companheiros tiveram suas intenções frustradas após verem bloqueadas as vias que comunicam o aeroporto Simón Bolívar com Caracas devido a obras de manutenção.

Os parlamentares denunciaram que várias pessoas bateram nos vidros da van que os transportava, uma situação que o governo brasileiro lamentou por meio de uma nota oficial.

López está acusado de instigação pública, formação de quadrilha, danos à propriedade e incêndio pelos incidentes violentos ocorridos após uma marcha antigovernamental em fevereiro de 2014, que significou o começo dos protestos que sacudiram Venezuela durante cerca de cinco meses e que deixaram 43 mortos e centenas de feridos. EFE

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