Opositores iniciam nova onda de protestos contra governo na Tailândia

  • Por Agencia EFE
  • 12/01/2014 14h05

Jordi Calvet.

Bangcoc, 12 jan (EFE).- O movimento antigovernamental tailandês bloqueou neste domingo várias avenidas da capital Bangcoc, no início de uma nova onda de protestos que tem como objetivo forçar a renúncia do governo interino e evitar a realização de eleições.

Seguidores do Comitê Popular para a Reforma Democrática utilizaram sacos de areia, cercas e blocos de cimento para cortar o trânsito em sete pontos do centro comercial, financeiro e administrativo da cidade.

O protesto, que inicialmente estava previsto para começar amanhã, pretende provocar um colapso no tráfego de Bangcoc e paralisar o governo, impedindo os funcionários de chegarem ao trabalho e cortando a energia de prédios oficiais.

O coletivo, mobilizado há cerca de dois meses, já conseguiu a dissolução do Parlamento e o adiantamento das eleições para 2 de fevereiro. Os opositores anunciaram na semana passada este novo protesto, que chega precedido por um aumento da tensão.

Pelo menos oito pessoas, entre elas dois policiais, morreram desde novembro em enfrentamentos entre manifestantes, a polícia e partidários da primeira-ministra, Yingluck Shinawatra, em vários surtos de violência.

O último ocorreu na madrugada de ontem, quando desconhecidos dispararam contra um acampamento no centro histórico da capital, onde até hoje se concentravam os manifestantes. Sete ativistas ficaram feridos.

“Caso se transforme em uma guerra civil, abandonarei. A vida do povo é muito importante para mim”, disse o líder dos protestos, Suthep Taughsuban, em entrevista publicada hoje pelo jornal “The Nation”.

“Se alguém instigar uma guerra civil pedirei ao povo que vá para casa”, afirmou Suthep, ex-vice-primeiro-ministro pelo opositor Partido Democrata e que se mostrou confiante na vitória do que chama “revolução popular”.

O governo enviou 20 mil policiais e militares para vários pontos da cidade para prevenir incidentes em pontos como a Casa do Governo, o aeroporto de Suvarnabhumi, as sedes de seis emissoras de televisão e as agências de abastecimento de água e eletricidade.

Suthep descartou qualquer negociação com o governo interino, de quem exige a renúncia e a substituição por um conselho não eleito, que realizaria uma reforma do sistema político, considerado pelo oposicionista como corrupto e controlado pelo ex-primeiro-ministro, Thaksin Shinawatra, irmão de Yingluck.

Thaksin, deposto em um golpe militar em 2006, ganhou diretamente ou por meio de plataformas eleitorais todas as eleições desde 2001, graças ao apoio da população rural do norte e nordeste do país, que se beneficiou de suas políticas sociais.

Os antigovernamentais rejeitam as eleições e exigem que as reformas sejam feitas antes da votação, na qual Yingluck parte como favorita para revalidar a maioria absoluta que alcançou em 2011.

Mais de vinte partidos se apresentam para participar das eleições apesar do boicote do Partido Democrata e dos antigovernamentais, que impediram o registro de candidatos em zonas do sul do país, reduto da oposição.

O Partido Democrata, o preferido da elite de Bangcoc, não ganha uma eleição geral desde 1992.

A Comissão Eleitoral pedirá amanhã ao governo que adie a votação, segundo o jornal “Bangcoc Post”, diante do risco de que por culpa do boicote não sejam escolhidos um número suficiente de deputados para formar o próximo Parlamento.

Um dos membros da comissão, Somchai Srisuthiyakorn, sugeriu 4 de maio como possível nova data, que ainda estaria dentro do período legal previsto após a dissolução do legislativo no mês passado.

Diante da nova onda de protestos, 45 países emitiram alertas de viagem para a Tailândia, entre eles os Estados Unidos, cuja embaixada recomendou aos seus cidadãos residentes no país que guardem dinheiro e mantimentos em casa para duas semanas.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e a Anistia Internacional pediram “contenção” a todas as partes, enquanto o chefe do exército tailandês, o general Prayuth Chan-ocha, alertou para o risco de enfrentamentos e pediu o fim da violência.

Prayuth descartou a possibilidade de um novo golpe de Estado, dias depois de deixar entreaberta a possibilidade de uma intervenção do exército para desbloquear a atual crise política. EFE

jcp/dk

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