Os vistos e a poluição castigam o turismo na China

  • Por Agencia EFE
  • 11/02/2015 10h11
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Sara Díaz.

Pequim, 11 fev (EFE).- Nem a imensidade da Grande Muralha e nem a beleza da Cidade Proibida são suficientes para atrair os turistas estrangeiros que, perante os obstáculos para obter um visto e os problemas ambientais da China, estão optando por outros destinos mais “fáceis” do sudeste asiático.

A revalorização do iuane e a censura da internet são outros fatores que estão afetando o turismo na China, enquanto o país vive um fenômeno ao contrário e, a cada ano, é batido o recorde de turistas chineses que viajam ao exterior.

A China recebeu durante os primeiros 11 meses do ano passado 117 milhões de turistas (estrangeiros e residentes de Hong Kong, Taiwan e Macau), experimentando uma notável queda com relação a anos anteriores: 130 milhões (2013), 132 milhões (2012) e 135 milhões (2011).

Em Pequim, dos 4,4 milhões de turistas de fora da China continental que visitaram a cidade, 3,7 milhões eram estrangeiros, 5% a menos que em 2013, segundo dados divulgados pela Administração Nacional de Turismo na China.

Os especialistas chineses de turismo atribuem estes dados a uma previsível desaceleração da entrada de turistas após várias décadas de rápido crescimento desde o começo dos anos 80, e que teve um momento culminante nos Jogos Olímpicos de Pequim de 2008.

Os próprios meios de comunicação e especialistas oficiais reconhecem que o complicado sistema chinês de concessão de vistos e a elevada poluição ambiental das principais cidades estão atuando como principais elementos dissuasórios.

A primeira dificuldade aparece na hora de solicitar o visto. A China exige aos turistas que apresentem uma reserva do hotel, um plano detalhado de sua estadia e as passagens de avião de ida e volta, ou uma carta de convite de um cidadão ou organização chinesa, ou de um estrangeiro que resida ali legalmente.

O preço por um visto de turista com uma única entrada é, por exemplo, de 60 euros na Espanha, embora nos Estados Unidos seja ainda maior (US$ 189); números que aumentam para aqueles que têm que se deslocar ao consulado ou embaixada chinesa mais próxima da sua cidade, ou devem contratar os serviços de uma agência que os ajude com o trâmite.

O governo chinês, consciente do problema, anunciou que facilitará a concessão de vistos aos turistas, mas ainda não chegou colocar em prática a iniciativa.

A forte poluição que envolve muitas metrópoles chinesas, principalmente no norte e leste, onde a presença de refinarias, fábricas e usinas químicas é maior, é outro problema que faz o turista repensar sua visita ao país asiático.

O prefeito de Pequim, Wang Anshun, qualificou recentemente a capital chinesa de “inabitável” pela poluição do ar e pelo elevado índice de partículas 2,5 PM, as mais perigosas para a saúde humana, uma vez que penetram diretamente nos pulmões.

Para alguns, a censura da internet cada vez maior do regime comunista também é um problema (inclusive se for de curta duração) por não ser possível navegar durante sua estadia pelas redes sociais favoritas, ler muitos meios de comunicação internacionais de informação ou inclusive abrir o e-mail do Gmail.

Se a poluição, a censura e os complexos requisitos do visto não fossem suficientes motivos para manter afastados os turistas, muitos visitantes se queixam que a viagem à China é cada vez mais cara.

Na opinião de Liu Simin, vice-secretário da Associação de Turismo de Pequim, um organismo público de pesquisa, a valorização do iuane durante os últimos anos desalentou os visitantes internacionais.

“A China é cada vez mais cara, por isso que os turistas interessados na Ásia se sentem naturalmente atraídos pelos vizinhos do gigante asiático, especialmente os que têm indústrias de serviços mais desenvolvidas”, acrescentou Liu em declarações ao jornal “South China Morning Post” de Hong Kong.

Em detrimento da China, Vietnã, Malásia, Japão e Tailândia são os países asiáticos que ganharam mais popularidade por serem destinos que oferecem mais facilidades administrativas aos turistas e cenários exóticos a um preço menor.

Perante esta perspectiva, a China terá que decidir se quer seguir sendo o grande dragão asiático que lança baforadas de fogo contra os visitantes ou se, ao contrário, prefere oferecer seu lado mais amistoso para recuperar a confiança dos turistas estrangeiros. EFE

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