OSCE define envio de missão com cem observadores à Ucrânia

  • Por Agencia EFE
  • 21/03/2014 17h23

Viena, 21 mar (EFE).- Os estados da OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) definiram nesta sexta-feira o envio de cem observadores à Ucrânia, sem incluir a Crimeia, para supervisionar o cumprimento dos acordos sobre direitos humanos e civis, o respeito às minorias e avaliar a situação da segurança.

A missão terá duração inicial de seis meses, prorrogável por outros seis. Segundo a OSCE, o número inicial de observadores, cem, poderá subir para 400, conforme a necessidade.

A delegação começará a se posicionar nas próximas 24 horas em nove regiões do país, incluindo o leste e o sudeste, áreas de grande população russófona, em cidades como Donetsk, Lugansk e Kharkiv, e também em em Odessa (no sul) e em Kherson, na divisa com a Crimeia.

“Esta é uma contribuição importante para suavizar a situação na Ucrânia”, destacou o embaixador suíço na OSCE e atual presidente do Conselho Permanente da organização, Thomas Greminger.

Sobre a Crimeia não estar incluída entre as regiões que os analistas da OSCE visitarão, o representante suíço se limitou a dizer que “os Estados participantes concordaram em uma primeira etapa de que a missão irá a estas nove regiões”.

Mais taxativo foi o embaixador russo, Andrei Kelin, que declarou aos jornalistas que a missão reflete as “realidades geopolíticas”, e como a Crimeia é atualmente parte da Rússia não entra dentro do raio de ação de uma missão para a Ucrânia.

“A Crimeia se transformou em parte da federação russa”, ressaltou Kelin, e como a missão está destinada à Ucrânia, trata-se de “outro Estado e, portanto, não tem mandato para Crimeia”. O diplomata russo disse que este é um primeiro passo para diminuir as tensões na Ucrânia.

“Achamos ser um primeiro e importante passo para diminuir as tensões nessa área, e a missão, se for imparcial, vai contribuir para resolver a crise interna ucraniana”, concluiu Kelin.

Já o representante dos Estados Unidos na OSCE, Daniel Baer, garantiu que a Crimeia é parte da Ucrânia e que a missão no futuro deveria ter acesso à península.

“A decisão indica que a missão vai à Ucrânia, que terá acesso a toda a Ucrânia, e a Crimeia é parte da Ucrânia”, enfatizou Baer.

Ontem na sede da OSCE em Viena, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Andrei Deschitsa, pediu que a missão abrangesse também a Crimeia, por considerá-la “parte integral do Estado ucraniano”.

“Queremos ter missões, em primeiro lugar, nas áreas afetadas pela agressão”, argumentou o Deschitsa.

A Rússia tinha vetado sozinha por três vezes nas últimas duas semanas o envio de uma ampla missão de observadores internacionais à Ucrânia, o que lhe valeu críticas de vários membros da OSCE.

As decisões do órgão são tomadas por unanimidade, por isso o voto contra de um só membro significa, na prática, um veto.

Nas últimas horas o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, a União Europeia e os Estados Unidos insistiram na necessidade de enviar uma missão de observadores internacionais à Ucrânia.

A OSCE, formada por 57 Estados, tem como objetivo a promoção dos valores democráticos, dos direitos humanos e a prevenção de conflitos em um espaço geográfico que vai de Vancouver (Canadá) até Vladivostok (Rússia). EFE

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