Ossos achados no Paraguai podem ser de desaparecidos da ditadura argentina
Assunção, 31 jan (EFE).- Os restos ósseos encontrados no início de janeiro em uma construção no sul do Paraguai podem pertencer a vítimas da ditadura argentina (1976-1983), disse neste sábado à Agência Efe Rogelio Goiburú, diretor de Reparação e Memória Histórica.
As ossadas foram achadas de forma casual no dia 6 de janeiro por operários que realizavam uma escavação em uma obra na cidade de Paso de Patria, próxima à fronteira com a Argentina.
Goiburú afirmou que há testemunhos de parentes de desaparecidos durante a ditadura argentina na região próxima ao lugar do achado que apontam a possibilidade que seus familiares fossem transferidos ao Paraguai para serem enterrados de forma clandestina.
O diretor de Reparação detalhou que essa hipótese foi comunicada por telefonemas de jornalistas da província argentina de Chaco, que faz fronteira com o departamento paraguaio de Ñeembucú, onde fica o local em que os ossos foram encontrados.
As autoridades estudam agora a veracidade desses testemunhos, para os quais precisarão da presença de um promotor argentino de Chaco, que deve se juntar à investigação em Assunção na próxima semana.
Goiburú afirmou que a promotoria paraguaia não descarta ampliar as escavações a um raio de aproximadamente 100 metros quadrados a partir do lugar onde ocorreu a descoberta dos ossos, para esclarecer se houve mais enterros na região.
“Se houver corpos de desaparecidos na ditadura argentina enterrados no Paraguai não seria nada excepcional diante das barbaridades do plano Condor”, disse Goiburú.
Ele se referia à operação de coordenação instaurada pelas ditaduras do Cone Sul nas décadas de 1970 e 1980, que incluiu Argentina e Paraguai.
É estimado que durante a ditadura de Alfredo Stroessner no Paraguai (1954-1989) 425 pessoas foram executadas ou desapareceram, segundo dados da Comissão de Verdade e Justiça (CVJ), que investigou os crimes e abusos cometidos ao londo do período.
A última ditadura militar argentina deixou pelo menos 30 mil desaparecidos, segundo os números que calculados por organizações de direitos humanos. EFE
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