Otan considera que 2014 foi um “ano negro” para a segurança na Europa
Bruxelas, 30 jan (EFE).- O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, assegurou nesta sexta-feira que a Europa viveu em 2014 um “ano negro” para sua segurança por causa do “extremismo” nas fronteiras e no próprio território da Aliança e do comportamento “preocupante” da Rússia na crise ucraniana.
“2014 não foi um bom ano para a segurança europeia. De fato, foi um ano negro”, afirmou Stoltenberg em entrevista coletiva na qual apresentou o relatório anual da Aliança Atlântica.
Stoltenberg se referiu ao “extremismo em nossas fronteiras” que se estende “pelo norte da África e o Oriente Médio” e que aparece nas “próprias ruas” da Europa, além de afirmar que a Rússia “segue um padrão preocupante” com seu comportamento na crise ucraniana, “intimidando seus vizinhoss, sem se importar com a lei internacional”.
O político norueguês fez uma chamada para que os aliados cumpram com o objetivo de investir 2% de seu PIB em defesa, e lamentou que em 2014 esses investimentos tenham caído em US$ 7 bilhões, o que representa uma baixa de 3% com relação do ano anterior.
Stoltenberg usou como exemplo a Rússia, que “apesar da crise econômica”, tem como “prioridade” a despesa em defesa, motivo que junto a seu papel na crise no leste da Ucrânia fez a Otan decidir que suas “forças devem estar mais preparadas” e “reforçar a presença por terra, mar e ar”.
Stoltenberg confirmou que “está trabalhando” com o ministro russo das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, para manter uma reunião na próxima semana em Munique fora da conferência sobre segurança, que será realizada nessa cidade alemã.
Por causa da anexação da península ucraniana da Crimeia por parte da Rússia, a Otan decidiu suspender toda cooperação prática com Moscou, mas acordou manter os canais de diálogo abertos.
“É importante se reunir para discutir também sobre os assuntos difíceis”, comentou Stoltenberg.
Nesse contexto, o membro da Otan se mostrou igualmente a favor das sanções econômicas que foram impostas à Rússia por países ocidentais, e voltou a respaldar uma solução “pacífica” para crise ucraniana baseada nos acordos de paz de Minsk assinados em setembro pelas autoridades ucranianas e as forças separatistas pró-russas, mas que não chegaram a ser aplicados plenamente.
“A Rússia tem que deixar de apoiar os separatistas”, concluiu.
Stoltenberg também ressaltou a importância da colaboração com os países árabes e outros parceiros, já que isso “cria estabilidade”, e destacou o olhar rumo ao leste a países como Geórgia, Ucrânia e Moldávia, e para o sul, a países como a Jordânia.
Stoltenberg lembrou que o “maior esforço” nunca realizado pela Otan foi sua operação de combate no Afeganistão -recuada no final de 2014-, a qual “foi também parte da resposta aliada à luta contra o terrorismo”.
Questionado se está preocupado com a possibilidade do novo governo grego afetar a “unidade” da Aliança, Stoltenberg indicou que “a Otan é uma aliança de 28 democracias”, nas quais há “eleições”.
Stoltenberg ressaltou que os aliados “são capazes de se manter juntos e trabalhar juntos como um”, ao mesmo tempo que confiou em se reunir na próxima semana com o novo ministro grego de Defesa.
Em 5 de fevereiro se reunirão os ministros da Defesa da Otan em Bruxelas, um encontro no qual Stoltenberg espera que sejam abordados quais serão os “países marco”, ou seja, responsáveis pela nova força de ação rápida aliada.
“Este anuário reflete que estamos nos adaptando para que a Otan siga sendo forte”, concluiu. EFE
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