Ou Governo para de cair ou precisamos de um novo, defende ex-ministro da Fazenda

Rubens Ricupero, embaixador e ex-ministro da Fazenda no governo Itamar, durante entrevista na Faculdade de Economia da FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado), em São Paulo (SP). (São Paulo (SP). 23.01.2008. Foto de Raimundo Pacco/Folhapress) Rubens Ricupero

Com a piora preocupante, e mais intensa do que se esperava, de diversos indicadores da economia brasileira, o quadro que se tem da situação do País é “assustador”, segundo o ex-ministro da Fazenda, Rubens Ricupero.

Em entrevista a Jovem Pan, Ricupero indicou que o único indicador positivo da economia brasileira é o ajuste das contas externas, que “está se fazendo de maneira muito rápida”. No entanto, ele lamentou o fato de que o ajuste se faz pelo descontrole do mercado de câmbio, que tem como prova a disparada do dólar, que atingiu níveis históricos nesta semana.

Para o ex-ministro, “ou o Governo para de cair e se recupera ou precisamos de um novo Governo”. De acordo com Ricupero, se não houver alteração da capacidade do Governo de governar, a própria crise “vai achar uma solução”, mas ressaltou que ainda não se chegou neste ponto. “Dependendo do grau de sofrimento que se chegar, isso não pode continuar”.

“Tudo indica que o Governo perdeu condições de inspirar confiança”, afirmou. Ele explicou ainda que, a reforma ministerial, adiada para a próxima semana segundo informações do Palácio do Planalto, é um fato deprimente e que, ao contrário do que pensa o Governo, um acordo com PMDB não facilitaria nada.

Ainda em relação à economia brasileira, Ricupero reiterou que o único aspecto que ainda não entrou no sinal vermelho foi o da área externa. “Ao contrário de outras crises brasileiras, esta não está sendo produzida pelo estrangulamento externo”.

Sobre a disparada do dólar, que chegou a passar da barreira dos R$ 4 durante a semana, o ex-ministro afirmou que não foi reflexo de fuga de capitais, mas de questões internas. “Isso pode piorar se houver um novo rebaixamento da nota do Brasil, se muitos fundos saem daqui ou se o banco central americano [Fed] resolver aumentar os juros”.

“Em algum momento isso começa a melhorar ou vamos para uma crise extraordinariamente grave”, finalizou.